ATA DA QUADRAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 16.06.1999.

 


Aos dezesseis dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Cyro Martini, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gilberto Batista, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Sônia Santos, Sonia Saraí, Tereza Franco e Giovani Gregol. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Quadragésima Quinta Sessão Ordinária e da Décima Quinta Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antônio Losada, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 78 e 79/99 (Processos nºs 1915 e 1916/99, respectivamente); pela Vereadora Clênia Maranhão, o Pedido de Informações nº 91/99 (Processo 1925/99); pelo Vereador Gilberto Batista, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 04 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Dib, 02 Emendas ao Projeto de Lei do Executivo nº 09/99 (Processo nº 1837/99); pelo Vereador Reginaldo Pujol, o Pedido de Informações nº 90/99 (Processo nº 1913/99). Também, foi apregoado Requerimento do Vereador Guilherme Barbosa, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando desarquivamento do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 08/98 (Processo nº 2895/98) e foi apregoado o Ofício nº 315/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, solicitando autorização legislativa para ausentar-se do Município do dia dezenove ao dia vinte e dois de junho do corrente, a fim de participar da Quinta Conferência Anual do Banco Mundial Sobre Desenvolvimento na América Latina e Caribe, na cidade de Valdivia, Chile. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 306, 308, 310 e 311/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Após, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento do Vereador Décio Schauren, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Jair Krischke, Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que registrou o transcurso, no dia oito de maio do corrente, do Dia de Lembrança dos Heróis e Mártires da Guerra Contra o Nazi-Fascismo, tecendo críticas à falta de apoio do Executivo Municipal para a realização de eventos alusivos a esta data. Ainda, defendeu a retirada de placa existente na Praça Argentina, a qual homenageia o ex-Presidente argentino General Jorge Rafael Videla e solicitou fosse protocolado Projeto de Lei neste Legislativo, objetivando a retirada do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do rol das entidades integrantes do Conselho Municipal dos Direitos do Cidadão Contra a Violência e a Discriminação. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro Hagemann referiu-se ao tema da Tribuna Popular, apoiando a saída do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Conselho Municipal dos Direitos do Cidadão Contra a Violência e a Discriminação e analisando o significado do respeito à memória daqueles que sofreram com a violência da Segunda Guerra Mundial. A seguir, face Requerimento do Vereador Décio Schauren, anteriormente aprovado, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje, o Senhor Presidente declarou empossado na vereança o Suplente Giovani Gregol, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Ainda, registrou o recebimento de telegrama da Câmara Municipal de Cachoeirinha, comunicando o falecimento do Vereador José Oledir Ramos. Também, o Vereador Cláudio Sebenelo manifestou-se, em seu nome e em nome do Vereador Isaac Ainhorn, a respeito do assunto tratado em Tribuna Popular. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elói Guimarães discorreu acerca das atividades realizadas pelo Senhor Jair Krischke em defesa dos direitos humanos. Lamentou o descumprimento, pelo Executivo Municipal, da legislação que prevê atos públicos em memória das vítimas do nazi-fascismo e defendeu a permanência do Movimento de Justiça e Direitos Humanos no Conselho Municipal de Cidadania. Na oportunidade, o Vereador Renato Guimarães formulou Requerimento verbal, solicitando a realização de reunião entre a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, o Conselho Municipal dos Direitos do Cidadão Contra a Violência e a Discriminação e a Coordenação de Direitos Humanos da Prefeitura de Porto Alegre, a fim de debater as questões trazidas pelo Senhor Jair Krischke no período de Tribuna Popular. Às quatorze horas e trinta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e um minutos, constatada a existência de “quorum”. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, esteve, em 4ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 09/99, discutido pelos Vereadores João Dib, Elói Guimarães, Cláudio Sebenelo, Juarez Pinheiro, José Valdir e João Bosco Vaz. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 20/99, discutido pelos Vereadores Cláudio Sebenelo e Juarez Pinheiro, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 66/99, este discutido pela Vereadora Clênia Maranhão, 69 e 75/99, este discutido pelos Vereadores José Valdir e João Bosco Vaz, e 73/99, este discutido pelo Vereador José Valdir; em 2ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/99, discutido pelo Vereador José Valdir, o Projeto de Lei do Legislativo nº 64/99, discutido pelos Vereadores José Valdir e João Bosco Vaz; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 68 e 70/99, este discutido pelo Vereador Cláudio Sebenelo, 71 e 72/99; em 5ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 26/99. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito das normas regimentais atinentes à sistemática de inscrição dos Senhores Vereadores para a discussão dos projetos constantes na Pauta e na Pauta Especial, tendo os Vereadores Guilherme Barbosa, Cláudio Sebenelo, João Bosco Vaz, João Dib e José Valdir manifestado-se a respeito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia informou ter protocolado Projeto de Lei que visa alterar as regras de funcionamento do sistema de estacionamento rotativo "Área Azul", de modo a permitir sua utilização pelos permissionários do serviço de táxi na Cidade. Ainda, questionou os critérios e valores adotados pela Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC para a realização de sorteio de vagas em pontos fixos de táxi em Porto Alegre. O Vereador Antonio Hohlfeldt teceu críticas ao Governo do Estado pelas alterações promovidas na sistemática de cálculo das vantagens salariais percebidas pelos funcionários públicos, afirmando haver contradições entre essa medida e a postura adotada pelos Deputados Federais do Partido dos Trabalhadores, quando da votação, no Congresso Nacional, de projeto de teor semelhante, proposto pelo Presidente da República. O Vereador João Dib comentou dados constantes no livro “Desafios da Mudança”, publicado pelo Executivo Municipal, quanto à execução das metas previstas no orçamento da Prefeitura, propugnando pelo envio, a esta Casa, de informações detalhadas sobre a situação financeira do Município. Ainda, manifestou sua contrariedade à utilização do sistema de cartas-contrato para a admissão de funcionários pelo Executivo Municipal. A Vereadora Clênia Maranhão referiu-se às medidas administrativas adotadas pelo Governo do Estado, as quais objetivam diminuir as despesas com folha de pagamento através da alteração da sistemática de cálculo das gratificações percebidas pelos funcionários públicos estaduais, salientando que tais medidas trarão prejuízos ao funcionalismo, além de representarem a omissão do Estado na manutenção de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do Rio Grande do Sul. O Vereador Luiz Braz teceu considerações sobre as alterações promovidas pelo Executivo Estadual na base de cálculo dos valores percebidos pelos funcionários públicos a título de gratificações ou verbas de representação, afirmando que tal objetiva beneficiar integrantes do Partido dos Trabalhadores e destacando a necessidade de que haja uma maior fiscalização dos atos do Governo do Estado. O Vereador Juarez Pinheiro, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Luiz Braz, observou que as medidas adotadas pelo Governo do Estado visam à racionalização e ao resgate da eqüidade nos vencimentos dos funcionários públicos. Também, criticou o modelo econômico adotado pelo Governo Federal e a interferência do Fundo Monetário Internacional - FMI nas decisões da Presidência da República. O Vereador Reginaldo Pujol, ao referir-se às alterações na base de cálculo dos salários do funcionalismo público, promovidas pelo Executivo Estadual, ressaltou que as maiores conseqüências recairão sobre os funcionários que percebem os menores salários. Ainda, comentou aspectos jurídicos relativos ao assunto, notadamente o que estabelece a garantia da manutenção de direitos adquiridos, estabelecida pela Constituição Federal. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, foi apregoado o Projeto de Decreto Legislativo nº 13/99, o qual foi posteriormente votado. Na ocasião, os Vereadores Luiz Braz e Pedro Américo Leal formularam Questões de Ordem a respeito das disposições regimentais atinentes à priorização de processos para votação durante a Ordem do Dia, tendo o Vereador Juarez Pinheiro manifestado-se a respeito. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Guilherme Barbosa, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Votação, foi rejeitada a Emenda nº 11 aposta ao Projeto de Resolução nº 32/97, por cinco votos SIM, dezenove votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, em votação nominal solicitada pelo Vereador Juarez Pinheiro, tendo votado Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Eliseu Sabino, Gilberto Batista, João Carlos Nedel e João Dib, Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cyro Martini, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maristela Maffei, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sonia Saraí, Tereza Franco e Giovani Gregol e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Fernando Záchia e Pedro Américo Leal. Em Votação, foi rejeitada a Emenda nº 12 aposta ao Projeto de Resolução nº 32/97, por seis votos SIM e vinte e um votos NÃO, após ser encaminhada à votação pelos Vereadores João Dib, Gilberto Batista, Pedro Américo Leal, Adeli Sell, Luiz Braz e Isaac Ainhorn, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Cláudio Sebenelo, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib, Nereu D'Ávila e Pedro Américo Leal e Não os Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Cyro Martini, Eliseu Sabino, Gilberto Batista, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maristela Maffei, Renato Guimarães, Sonia Saraí, Tereza Franco e Giovani Gregol, tendo apresentado Declaração de Voto o Vereador João Dib. Na ocasião, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Luiz Braz, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito das disposições regimentais referentes ao processo de encaminhamento à votação de matérias constantes na Ordem do Dia. Também, o Vereador João Dib formulou Requerimento verbal, solicitando informações a respeito do número de Licenças para Tratamento de Saúde e de Licenças para Tratar de Interesses Particulares solicitadas pelos Senhores Vereadores a partir do dia quinze de fevereiro do corrente, e o Vereador José Valdir formulou Requerimento verbal, solicitando que, além das informações pedidas pelo Vereador João Dib, fossem especificados os nomes dos beneficiários das referidas Licenças, ao que o Senhor Presidente determinou a formalização por escrito deste Requerimento, o que foi efetuado, sendo deferidas as solicitações pelo Senhor Presidente, tendo os Vereadores Luiz Braz e João Dib manifestado-se a respeito. Ainda, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais. Em Votação, foi aprovada a Emenda nº 13 aposta ao Projeto de Resolução nº 32/97, por vinte votos SIM e dez votos NÃO, após ser encaminhada à votação pelos Vereadores Antônio Losada, João Dib, Elói Guimarães e Hélio Corbellini, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gilberto Batista, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco e Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cyro Martini, Elói Guimarães, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Nereu D'Ávila, Sonia Saraí e Giovani Gregol. Na oportunidade, face Questões de Ordem formuladas pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito do processo de votação das Emendas apostas ao Projeto de Resolução nº 32/97. Em Votação, foi aprovada a Emenda nº 15 aposta ao Projeto de Resolução nº 32/97. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 13/99, por dezessete votos SIM e um voto NÃO, após ser discutido pelos Vereadores João Dib, Isaac Ainhorn, Luiz Braz e Guilherme Barbosa e encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Luiz Braz, Isaac Ainhorn e Guilherme Barbosa, em votação nominal solicitada pelo Vereador Antônio Losada, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maristela Maffei, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Sonia Saraí e Giovani Gregol e Não o Vereador Luiz Braz. Durante a apreciação do Projeto de Decreto Legislativo nº 13/99, o Senhor Presidente, face Questões de Ordem e manifestações dos Vereadores Luiz Braz, Juarez Pinheiro, Isaac Ainhorn e José Valdir, prestou esclarecimentos a respeito dos documentos acostados aos autos e de aspectos da tramitação deste Projeto e salientou que o teor dos pronunciamentos efetuados na tribuna são de responsabilidade dos Oradores. Às dezenove horas e vinte e oito minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Adeli Sell e secretariados pelos Vereadores Adeli Sell e Isaac Ainhorn. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei  fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Estão abertos os trabalhos.

O Ver. Décio Schauren solicita licença para tratar de assuntos particulares no dia 16.06.99. Em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam o pedido de licença permaneçam sentados. (Pausa) APROVADO, com a abstenção do Ver. João Dib.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Jair Krischke, representando o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, abordará o assunto que se refere ao dia 08 de maio, data consagrada à lembrança dos heróis e mártires da guerra contra o nazi-fascismo. O Sr. Jair Krischke está com palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. JAIR KRISCHKE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, O Movimento Popular Anti-racismo e a Sherit Ha Pleita, através de minha pessoa, comparece hoje à Tribuna Popular desta colenda Câmara Municipal. Por mais insólito que possa parecer, assim o faz para que não passe em brancas nuvens, na tentativa de resgatar o dia 08 de maio, dia da lembrança dos heróis e mártires da guerra contra o nazi-fascismo, e a não comemoração desse dia, conforme prevê a Lei Municipal nº 8.148, constitui-se num flagrante desrespeito por parte do Executivo Municipal.

Historiamos. Na primeira quinzena de abril do corrente ano, tendo em vista que não havia manifestação da Prefeitura Municipal em convocar as entidades, conforme previsto no art. 2º da referida Lei, tomamos a iniciativa, através de telefone, de contatar com o Gabinete do Senhor Prefeito e, por várias vezes, essa tentativa foi infrutífera. Sequer havia conhecimento no Gabinete do Prefeito que havia uma lei municipal com esse teor, e que deveria fazer parte do calendário de eventos desta Cidade.

Assim sendo, no dia 28 de abril, quando comparecemos a esta Casa entregamos, através de ofício, ao ilustre representante do Senhor Prefeito, uma correspondência solicitando um pronunciamento. Recebemos a resposta em 30 de abril, nos convocando para uma reunião que realizar-se-ia em 30 de maio no Salão Nobre da Prefeitura. Lá estivemos, e fomos surpreendidos porque a Coordenadora de Direitos Humanos do Gabinete do Prefeito nos informava que o dia oito de maio seria comemorado em julho. Rebelamo-nos contra essa proposta. Meu companheiro até salientava que, a partir daí, poderíamos comemorar o Natal no dia 29 de fevereiro.

Tendo em vista que o Senhor Ben Abraham, Vice-Presidente mundial da Sherit Ha Pleita, que é a organização dos sobreviventes do holocausto, estaria em Curitiba, recebendo o Título de Cidadão Curitibano da Câmara Municipal daquela Capital, poderia vir aqui no dia oito compartilhar conosco esse ato. Fomos informados, no dia seguinte, pela referida Coordenadora que não haveria evento. Por correspondência nos dirigimos ao Senhor Prefeito pedindo manifestação por escrito. E até hoje aguardamos.

Aqui estamos para, em nome de Ben Abraham Vice-Presidente mundial da Sherit Ha Pleita, trazer o pronunciamento que ele faria no dia oito junto ao Monumento do Expedicionário:

(Lê.)

“A Sherit Ha Pleita, associação mundial dos sobreviventes do holocausto, com sede em Jerusalém e escritório na Cidade de São Paulo, por mim, seu Vice-Presidente, aqui representada e em nome de seu Presidente, Sr. Stefan Grajek, deseja saudar a iniciativa dos representantes do povo desta importante Capital brasileira em homenagear, neste dia, aqueles que foram perseguidos e assassinados e aqueles que deram a vida na luta contra o nazi-fascismo. A Europa deste século curvou-se, entre os anos 30 e 40, à barbárie. A Alemanha de Kant, Heine, Goethe e Schiller deixou-se seduzir pela violência institucionalizada e por uma ideologia assassina, enraizada no ódio racial, na intolerância política, na supressão dos direitos humanos. Nós, judeus, fomos condenados à extinção. Disseram que éramos uma raça intrinsecamente perversa, corrupta. Que o foram nossos antepassados e o eram nossas filhas e filhos. Que o seriam os seus descendentes. E que deveríamos morrer física e culturalmente. O povo alemão, o povo de Shelling, Hegel, Schopennhauer e Nietzche, acreditou. E inventou uma física ariana, uma química ariana, uma antropologia ariana, uma ética ariana. O povo, senhores, com seus intelectuais, padeiros, mecânicos, cientistas, juristas, generais, seus cantores, filósofos e comediantes, seus pintores e jornalistas. A alma alemã foi ocupada pelo delírio da superioridade racial. E entregou-se ao assassinato!

Como isso foi possível? O que somos nós? Como perdoar o que não pode ser explicado? O que é uma câmara de gás? Como o homem comum, o advogado e o leiteiro, pôde ceder a esta degeneração moral? Como um povo pôde ser convencido por um bando de assassinos a tornar-se instrumento do genocídio? Por que nossos irmãos, pais, filhos e filhas foram tirados de suas casas, jogados em guetos, tratados como animais pestilentos e depois aniquilados em massa? Como puderam fazer tal coisa contra outro homem, contra milhões de outros homens? São as perguntas que nós, os que sobrevivemos, fazemos a nós mesmos, ao nosso Deus, ao nosso próximo. Como foi possível e foi real.

E estamos aqui para lembrar. Lembrar da rotina do assassinato de judeus, ciganos, velhos e jovens, recém-nascidos, democratas, comunistas, deficientes físicos, homossexuais. Não éramos soldados e nem estávamos em guerra. Não tínhamos armas para nos defender. E eles vieram para nos levar à morte.

Senhoras e senhores: os mártires eram inocentes. Eles não haviam cometido crime algum, não sabiam por que morriam.

Vocês leram Kafka, um judeu tcheco que escrevia em alemão. Ele escreveu sobre ser acusado. Não sobre ser acusado de algo, mas sobre ser acusado. É a doença humana, a perversão humana. Por que me matas? Do que me acusas? Nós e centenas de milhares de irmãos não-judeus fomos acusados de existir. E condenados. O senhor K. perguntava por quê. Nós perguntamos por quê. Poderiam ter sido outros!

Irmãos, o fascismo é uma doutrina que nos torna bestas assassinas. O nazismo é a sua suprema realização, é o fascismo racista.

Na África do Sul houve nazistas depois da guerra. No Chile e na Argentina houve nazistas depois da guerra. Nos Bálcãs há nazistas depois da guerra. Os que estão vivos não podem esquecer. Nós estamos vivos e somos testemunhas. Os que resistiram e lutaram são heróis da humanidade. Heróis de verdade, porque, com suas vozes, suas armas e suas vidas, derrotaram os assassinos. Nós continuamos nesta luta. E nos insurgimos, revoltamos, resistimos, denunciamos.

Porto Alegre sedia uma editora nazista. Lutamos contra ela e lutaremos contra todos que nos querem convencer que há uma cor mais pura que outra, que há homens mais dignos que outros, que há razões para nos arrancarem o direito à vida e à dignidade, seja qual for o lugar, seja qual for a hora. Lutamos aqui e hoje. É por isso que lembramos que temos o dever de lembrar. É por isso que ainda vale a pena ser humano.

Autoridades e amigos presentes. Porto Alegre, como Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte e Natal, não quer esquecer. E institucionalizou a lembrança. Que no próximo ano essa decisão, que honra o seu povo, seja objeto de atenção mais detida e mereça cuidados preparatórios compatíveis com a sua importância..

Ben Abraham, Vice-Presidente Mundial da Sherit Ha Pleitá.”

Sras. Srs. Vereadores, com esse episódio culmina uma série de acontecimentos que vêm nos marginalizando frente à Administração Municipal.

Já temos a história de uma placa que homenageia o assassino, o genocida Videla, na Praça Argentina, e o Sr. Prefeito não acolheu a nossa reivindicação. Temos, em várias e várias ocasiões, nos defrontado com posições totalmente opostas; essa do dia oito culmina. Culmina porque vemos claramente que há uma exclusão, que há uma forma diferente e antagônica à nossa. Porque nesse mesmo dia oito de maio, a Prefeitura Municipal tinha estrutura e tinha condições de promover uma festa livre; e não tinha, absolutamente, como desenvolver as comemorações do dia oito de maio.

Assim sendo, e como Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Sr. Presidente - por força de Lei Municipal aprovada nesta Casa - participa do Conselho Municipal dos Direitos do Cidadão Contra a Violência e a Discriminação, e não suportando mais a discriminação de que o Movimento é vítima, nós solicitamos ao ilustre Ver. Lauro Hagemann para que seja o portador, que formalize nesta Casa um projeto que nos retire desse Conselho, porque se tornou incompatível participar de um Conselho Municipal que condena a discriminação e a exclusão e nos discrimina e nos exclui. Agradecemos imensamente a atenção com que nos ouviram. Muito obrigado, Sr. Presidente. Muito obrigado, Sras. e Srs. Vereadores. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Convidamos o Sr. Jair Krischke, Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, a tomar assento à Mesa.

Queremos dizer aos ilustre representante do Movimento de Justiça e Direitos Humanos que a Mesa da Câmara se soma a essa data de lembrança dos heróis e mártires da guerra contra o nazi-facismo, porque sempre é bom que a humanidade lembre-se daquilo que não poderá mais se repetir ao longo dos tempos, para que o exemplo jamais se repita. O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, prezado companheiro Jair Krischke, Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos. Recebi a incumbência de representar o Movimento na retirada de seu nome do Conselho Municipal dos Direitos de Cidadania. Quero declarar que aceito essa incumbência. As razões expostas pelo companheiro Jair Krischke são relevantes e suficientes para que o Movimento por ele dirigido assim se expresse, assim se posicione. Quero dizer que não há da minha parte nenhuma intenção de agredir quem quer que seja e acredito que seja essa também a posição do Movimento, mas que dada as circunstâncias e os relatos feitos, no entender do Movimento é incompatível a continuidade da sua presença nesse Conselho. Como democrata, como amante das questões da paz, da justiça, dos direitos humanos, eu me presto a essa intermediação, porque não posso acreditar que o Movimento seja capaz de continuar atuando. Ele o fará certamente nas circunstâncias em que as questões o exigirem, mas independente de qualquer vinculação. Já tem suficiente autonomia e autoridade perante esta Cidade, perante a coletividade rio-grandense para assim agir. O oito de maio já foi lembrado, claro que com atraso, mas acho que devemos manter sempre o respeito à memória daqueles que participaram desses tristes episódios e referenciar essa memória, porque, neste século e no final deste milênio, a Guerra de 45 foi um dos acontecimentos mais nefastos que a sociedade humana assistiu. Nós não estamos livres de repetirmos esses tristes acontecimentos, graças ao caráter que tomou a sociedade humana, dado o desequilíbrio que se estabeleceu nas relações internacionais.

Diariamente, nós assistimos a novas e constantes violações da paz, do direito de cada país, de cada nação ter o seu território, as suas idéias, de ter preservada a sua cultura e sua identidade racial. Isso no dealbar do Terceiro Milênio não é mais possível que a humanidade prossiga comportando-se dessa maneira.

Sinto-me muito honrado em ter sido escolhido pelo Movimento como seu porta-voz e não serei nada mais do que isso, quero que esse Movimento de Justiça e de Direitos Humanos, em Porto Alegre, possa continuar sendo representado nesta Casa como o foi antes de mim por outros Vereadores. Nós não estamos fazendo nenhum favor. Temos que prestar esse dever de solidariedade para com os nossos concidadãos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, já tendo sido aprovada a licença para tratamento de assuntos particulares do Ver. Décio Schauren, com a chegada do Ver. Giovani Gregol, nós o empossamos formalmente. Informamos que V. Exa. integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação da Casa.

Registro, com pesar, um telegrama que recebemos em caráter urgente da Câmara Municipal de Cachoeirinha, informando o falecimento do Ver. José Oledir Ramos, do PMDB. O corpo está sendo velado na Sala Oswaldo Corrêa, Rua Clóvis Pestana, nº 85, na Câmara Municipal. O sepultamento ocorrerá às 17 horas no Cemitério Municipal de Cachoeirinha. Fazemos esse registro com pesar e enviamos à população de Cachoeirinha, aos eleitores do Vereador, à sua família, ao seu Partido, o PMDB, as nossas condolências.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, o Ver. Isaac Ainhorn pediu que eu fizesse o registro de que ele está vindo da Rádio Guaíba para cá, e que se ele não chegasse a tempo eu transmitisse que ele está totalmente solidário com o Dr. Jair Krischke e com a sua causa magnífica, que todos nós abraçamos.

 

O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Ver. Cláudio Sebenelo.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra, para pronunciar-se em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eminente e respeitável Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke. Nós, em nome do PDT, queremos fazer coro, aqui na tribuna, às palavras trazidas pelo Jair e fazer um apelo a V. Exa. Se o Jair, que é esta figura histórica, conhecida dos direitos humanos, sair do Conselho dos Direitos Humanos, feche-se, aqui em Porto Alegre, o instituto do Movimento de Direitos Humanos. Não terá mais sentido, Ver. Lauro Hagemann, porque a história dos Direitos Humanos, a luta do Jair - e, aqui, estou trazendo obviedades - é muito grande. Eu até diria que o Conselho dos Direitos Humanos é muito pequeno para ter dentro dele o Movimento dos Direitos Humanos, que precede-o há muitos anos. É toda uma história de luta.

Então, é o apelo que vou fazer a esta ilustre liderança, conhecida internacionalmente, e muito conhecida na América Latina, que é o Jair com o seu Movimento, na defesa dos perseguidos. É o apelo que eu vou fazer, aqui, para que o Jair e o Movimento dos Direitos Humanos talvez revisem essa posição porque, do contrário, perderá o sentido o Conselho dos Direitos Humanos em Porto Alegre. Este Movimento perde o sentido, deixa de existir o Conselho dos Direitos Humanos, sem essa figura do Jair. Então esse é o apelo que deixo, hoje, aqui, e o faço em nome do PDT, para que, quem sabe, tu revise, perdoe essas falhas cometidas, que não poderiam ter acontecido, deixe para lá e assuma novamente o Conselho, porque, senão, até vamos propor uma lei extinguindo-o, porque perde o sentido, não tem mais significação. É o apelo que faço.

Hoje aqui vamos resgatar o descumprimento da Lei. Afinal de contas é uma lei aprovada por esta Casa, e por unanimidade, se não me falha a memória, trazida não ao acaso de um projeto, da individualidade de um Vereador, mas trazida no bojo do Movimento, que tem história, tem raiz, tem serviços prestados ao ser humano, aos perseguidos, aos encarcerados, pelos movimentos políticos, etc. e tal.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vamos aqui prestar o que deveria ser prestado no dia oito de maio, que são exatamente as nossas lembranças, a nossa memória, a nossa dor aos acontecimentos que marcaram o nazi-fascismo, e que marcam ainda o nazi-fascismo, porque o nazismo arrasou legiões imensas. Está aí. É uma idéia, diríamos, que migra pelo mundo, anda pelos continentes e, de repente, instala-se em determinado lugar e ali se reproduz a ideologia, a filosofia fascista, nazista, nos atos, nas relações da vida. Nos governos ela se manifesta e se instala por um determinado tempo, evidentemente não por todo tempo, porque enquanto houver movimentos como o dos Direitos Humanos ela só durará um pouco de tempo, Sr. Jair Krischke, não todo o tempo.

Então ficam aqui as nossas congratulações com o Movimento, e o nosso apelo, Sr. Jair Krischke, para que façamos uma reflexão nesse sentido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, enquanto membro da Comissão de Direitos Humanos da Casa, eu requeiro que a Comissão solicite uma reunião conjunta com o Movimento dos Direitos Humanos, com a Coordenação dos Direitos Humanos da Prefeitura e com o Conselho Municipal dos Direitos Humanos, para que a Casa, num papel de mediação, possa acompanhar esse processo, tanto no pensar o oito de maio do ano seguinte - já que tivemos esse desdobramento -, como também pensar toda a ação municipal relacionada ao Legislativo e ao Executivo em relação à questão da Praça Argentina e da placa. Então, como membro da Comissão, eu requeiro que aprovemos esse Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Quem é o Presidente da Comissão Vereador?

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: É o Ver. Hélio Corbellini. Então, Sr. Presidente, que façamos uma reunião conjunta com as partes, para começarmos a fazer uma mediação nesse processo.

 

O SR. PRESIDENTE: Pois não, Vereador, é uma boa iniciativa. De nossa parte estamos inteiramente às ordens. Vamos dialogar depois com o Presidente da Comissão, porque até este momento ele não se pronunciou.

Pergunto se há mais alguma Bancada que gostaria de manifestar-se a respeito do que foi tratado na Tribuna Popular pelo Sr. Jair Krischke. Notando que não há de parte das Bancadas mais manifestações a respeito, nós queremos agradecer a presença do ilustre Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Sr. Jair Krischke, nesta Casa. Esta Casa sente-se lisonjeada com a sua presença sempre que nos visita. E não precisa dizer que o Sr. Jair Krischke é nosso amigo, amigo da Casa, e que estamos sempre de portas abertas para qualquer eventualidade, sendo a sua visita protocolar ou não.

Estão suspensos os trabalhos por dois minutos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às14h37min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h41min) Estão reabertos os trabalhos.

 

PAUTA ESPECIAL

 

DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(06 oradores/10 minutos/com apartes)

 

4ª SESSÃO

 

PROC. 1837/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 009/99, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para 2000 e dá outras providências. Com Emendas nºs 01 a 08.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra, em Pauta Especial, por dez minutos.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a verdadeira bomba que caiu sobre os servidores estaduais, no dia de ontem, quando a imprensa conseguiu descobrir, conseguiu antecipar o que aconteceria no dia 30, me faz pensar na nossa Lei de Diretrizes Orçamentárias e fazer algumas análises.

Uma delas está na proposição que faz o Sr. Prefeito Municipal de suplementação de verbas para atender ao reajuste de pessoal e encargos sociais. Nós nunca sabemos o quanto o Prefeito faz de suplementação, ou melhor, sabemos o quanto, mas, as destinações, nunca! Porque eu não conheço ninguém desta Casa... e, ninguém cuida mais do que eu, para saber quanto é gasto com o servidor público municipal. De que forma é gasto o dinheiro do povo de Porto Alegre com o servidor público municipal. E a Prefeitura de Porto Alegre, não diferente do atual Governo do Estado, sempre que pode, toma o dinheiro dos municipários. É só lembrar julho de 1991, quando o Prefeito Olívio Dutra retroagiu uma lei, retirou 30% do poder aquisitivo dos servidores e esqueceu-se de retirar 30% do poder aquisitivo do seu salário. Eu tive que lembrá-lo publicamente e ele devolveu o que tinha recebido a mais.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre colega João Dib, V. Exa., que já foi Prefeito, que é Vereador renomado desta Casa, se esquece de mencionar, não apenas nessa tribuna, mas em outros debates como o de ontem, que nós, em Porto Alegre, há um bom tempo, há bons meses e anos, a cada dois meses, recuperamos o salário do funcionalismo. É verdade que ainda é pouco num Brasil de crise, num Brasil de necessidades em que as taxas das universidades aumentam e servidores que têm seus filhos lá vão ter muitos problemas para mantê-los nessas universidades. Mas nós estamos, paulatinamente, religiosamente, a cada dois meses, recuperando os salários em Porto Alegre, no Governo da Administração Popular, do Partido dos Trabalhadores, e daqueles que lhes dão sustentação.

 

O SR. JOÃO DIB: Nobre Ver. Adeli Sell, V. Exa. com seu aparte abrilhanta o meu pronunciamento. Mas eu devo lembrar que, em maio de 1995, o Prefeito Tarso Genro retroagiu uma liminar e tomou o dinheiro dos municipários. E quando caiu a liminar, o Prefeito não repôs o dinheiro dos funcionários.

Eu devo lembrar que o Prefeito Raul Pont, atendendo a uma liminar, pagou direitos de servidores e gratificação de incentivo técnico. Aí a liminar caiu e o Prefeito, de forma ilegal, de forma desumana, retirou de volta imediatamente aquilo que havia pago. E os servidores - engenheiros, médicos - receberam durante dois meses apenas 70 e 80 reais. Isso é absolutamente ilegal! Quando a liminar foi julgada e o mérito foi dado aos servidores, o Prefeito passou a pagar, mas os atrasados que ele tinha tomado não devolveu até hoje. Então, me leva à preocupação. Até porque o artigo 9º do Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias diz: (Lê.) “No Projeto de Lei do Orçamento da Administração Direta estarão contidos os percentuais exigidos pela Lei Orgânica Municipal e Constituição Federal para as áreas de saúde e educação.”

Na saúde, a Prefeitura nunca usou os 13% que a Lei Orgânica determina, e na educação é só olhar os relatórios do Tribunal de Contas, que se equivoca sempre, porque a Constituição Federal diz que é 25% os gastos com a educação e a Lei Orgânica diz que são 30%. Então, o Município, por declaração assinada pelo Prefeito, declara que gastou 21, 22 ou 24%, nunca chegou a 25% e nem a 30%.

Mas, também, me preocupa, e nisto eu fiz uma Emenda, que a admissão de servidores na Administração Pública Municipal será efetivada conforme o que dispõe o artigo 19 da Lei Orgânica do Município. Não precisaria ser dito, se o Município cumprisse todas as leis, mas não cumpre. Continua fazendo milhares de cartas-contrato e algumas, até contrariando as Leis Municipal e Federal que dizem que não pode prorrogar.

E também no artigo 14 - e peço que a Casa corrija -, as despesas com pessoal e encargos sociais no exercício de 2000 não excederão os limites estabelecidos pela Lei Complementar Federal n.º 82, de 27.03.1995, que disciplina os limites das despesas com funcionalismo público na forma do artigo 169 da Constituição Federal. Essa Lei Complementar não mais está em vigor; está substituída pela Lei Complementar n.º 96 de 31. 05.1999. Mas o Executivo Municipal nunca cumpriu a Lei anterior, que determina que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios publicarão, em órgão oficial de divulgação, até 30 dias após ao encerramento de cada mês, demonstrativos de execução orçamentária do mês e do acumulado nos últimos doze meses, explicitando de forma individualizada os valores de cada item, considerados para efeito de cálculo da receita correntes líquidas e das despesas totais com o pessoal. Nunca o Município cumpriu com a Lei Complementar nº 82, que dizia isso. Mas antes da Lei Complementar nº 82, este Vereador, atento com as coisas obscuras da Administração Municipal, fazia uma Lei nº 7345, que em seu art. 1º diz: (Lê.) “o Poder Executivo fica obrigado a fornecer ao Poder Legislativo e ao Sindicato dos Municipários de Porto Alegre - SIMPA, todos os elementos das receitas e das despesas que compõem o cálculo e que permitem identificar em cada oportunidade o percentual a ser repassado a remuneração dos servidores municipais. A obrigação prevista no caput será cumprida até o 25º dia do mês em que ocorrer cada reposição.”

A minha Lei é de 1993, é anterior a Lei Camata, que é de 1995, mas a Prefeitura teima em esconder os dados do Orçamento, teima em não informar a esta Casa - e nunca informou - como compõe os gastos com o pessoal. E se o nobre e querido Ver. Adeli Sell lembrou que há uma reposição bimestral, e realmente há, não é porque o Prefeito desta Cidade seja magnânimo, é que lhe falta coragem de cumprir a ameaça reiteradas vezes feita ao SIMPA e ao SINDICÂMARA, de que se exigissem algumas coisas mais, retiraria a lei da bimestralidade. Eu gostaria de ver este Projeto de Lei na Câmara Municipal e saber se ele conseguiria os votos necessários. Ele não é tão tolo, ele é inteligente e sabe que não conseguiria os votos, por isso ele tem que pagar a bimestralidade. Só lesou os servidores quando retroagiu em maio de 1995, quando deveria ter pago 11% de reposição e pela força, tão simplesmente pela força, pagou apenas 3,2%. Perdeu na Justiça e procura todos os meios para não pagar. Lá está, em Brasília, a decisão final; mas aqui no Rio Grande do Sul perdeu todas.

Mas quando a liminar caiu, se o partido é dos trabalhadores, estes deveriam receber o que lhes era devido, mas não houve essa preocupação.

A mesma coisa, quando o Prefeito Raul Pont, discutindo a gratificação de incentivos técnicos, lá no antigo cinema Vitória, quase agrediu uma servidora municipal. Eu não esqueci.

Este é o Partido dos Trabalhadores, que gosta muito dos trabalhadores quando eles são regidos por outros partidos. Aí se pede todas as coisas, se exige todas as coisas, assim como a Profª. Camini queria salário para os professores e agora não quer mais. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nos anexos das Diretrizes Orçamentárias estão balizadas as razões, os objetivos e as intenções de uma política para a Cidade.

No item 3º, dos transportes, já tivemos a oportunidade de colocar que tínhamos o entendimento de que este item deveria ser desdobrado em transporte e trânsito. Embora disciplinas e atividades com ponto de contato, são atividades que têm regulações e substância diferente.

Chamávamos a atenção, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, para uma disposição que existe neste item, dos controles eletrônicos sobre o número de passageiros.

Também dizíamos que, quando discutíamos, no ano retrasado, Lei de autoria deste Vereador e do Ver. José Valdir, com o apoio da Casa, que estabeleceu diretrizes técnicas, objetivas para a regulação do transporte em Porto Alegre, oportunidade em que se dizia: “Olhem, vão aumentar o preço do transporte todos os meses”. Pois passou-se mais de ano sem que fosse alterado o preço do transporte coletivo, porque se tratava, evidentemente, de um instrumento técnico, como convém, a regular assunto tão importante para a população.

Há tentativas, vejam bem - não sei se não estavam inoculadas aqui -, para desempregar o cobrador. Mas, na oportunidade, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós também fazíamos uma emenda dizendo que a tripulação mínima do ônibus deveria ser constituída de motorista e de cobrador. Porto Alegre possui mais de dez mil cobradores.

Evidentemente que o avanço tecnológico, muitas vezes, num primeiro momento, pode representar uma diminuição de custo, mas esse menor custo, na conjuntura atual, representa um malefício para o que existe de mais importante, que é o emprego para os chefes de família, o emprego para as nossas populações, que vivem errantes, batendo às portas e não encontrando emprego.

Sobre o trânsito das cidades brasileiras, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós diríamos que, de um modo geral, como regra, deixa a desejar. Excepcionaríamos algumas cidades, como: Brasília - por razões de todos conhecidas, não vamos perder tempo analisando-as - e Curitiba, que, adotando alguns modelos, teve um avanço muito grande na engenharia de tráfego, de trânsito. Via de regra, no entanto, as cidades, por seu crescimento desordenado, têm, como um dos seus problemas, o trânsito, os congestionamentos.

É bom que se diga também que o trânsito está ligado a outro fator, externo ao próprio trânsito, que seria o melhor disciplinamento das atividades numa cidade. Nós deveríamos ter, pelo menos, como objetivo, como diretriz, uma alteração nos fluxos da Cidade, de forma não coincidente. O comércio, a indústria, determinados setores deveriam ter horários díspares para desagravar o horário do pico.

O horário do pico não existe só no Brasil; outras cidades do mundo enfrentam essas dificuldades. Onde se operam grandes demandas, a oferta diminui, e o trânsito apresenta os congestionamentos.

Mas Porto Alegre está a merecer um tratamento especial, principalmente, na questão viária, nas áreas de gargalos que apresenta a Cidade.

Há necessidade de se fazer, em Porto Alegre, algumas obras de arte, Ver. João Dib, sem o que não terá solução, mesmo concluídas as nossas perimetrais, pelo princípio radial da Cidade, porque Porto Alegre fica no final da península e todo o fluxo tem um sentido radial.

Então, há verdadeiros nós e gargalos em Porto Alegre que só obras de arte serão capazes de dar solução. Estou a referir em algumas elevadas, que são indispensáveis em Porto Alegre. Não teremos solucionada a questão do trânsito em Porto Alegre se não o fizermos em determinados pontos, já levantados pelos órgãos técnicos da Prefeitura. A Secretaria Municipal dos Transportes, hoje EPTC, já tem dados a esse respeito, já deve ter contagem, levantamento de campo, que é imprescindível. Se quisermos dar uma certa qualidade à fluidez no sistema de trânsito em Porto Alegre, temos que fazer, sim, algumas obras de arte.

Citaria, apenas, “en passant”, a Farrapos, por exemplo, na confluência da Sertório; a Ipiranga, na Silva Só.

Não se cria o espaço e não se dá fluidez enquanto não for criada essa passagem em desníveis. Para esses gargalos, não adianta correr na volta, inventar essa ou aquela alternativa, porque não existe. Há um volume; a cidade é um espaço físico e não há como mexer nesse espaço; ela está com a sua capacidade de rede esgotada pelo número, pelo volume, pela demanda de transportes. O automóvel é um transporte eleito pela população . Tínhamos que criar alguns desestímulos ao transporte individual, mas é uma questão de cultura, está enraizado até na esperança da população.

Somos um país de Terceiro Mundo e temos uma das maiores frotas de transporte individual do mundo. Vejam a nossa profunda contradição! E isso joga na análise que se vai fazer dessas matérias ligadas ao trânsito.

É fundamental que, nesse aspecto urbano de Porto Alegre, no que diz respeito ao trânsito, façamos obras de artes. Não tem saída, porque mesmo que se concluam as nossas perimetrais, elas não vão desempenhar esse papel que eu chamo de radialização do trânsito.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só gostaria de cumprimentá-lo pela sua visão de futuro sobre o setor de transportes de Porto Alegre, o que, lamentavelmente, a nossa Administração Municipal não tem. Parabéns.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Agradeço pela manifestação de V. Exa. Devo dizer que se trata de uma matéria tão rica, tão importante, esse item das Diretrizes Orçamentárias, que vamos ter que discutir por muito tempo, para tentar deixar aqui a nossa contribuição em um assunto de fundamental interesse para a população de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dez minutos, indiscutivelmente, constitui-se num tempo infinito para falar sobre saúde em Porto Alegre. Se olharmos a proposta orçamentária para a Lei de Diretrizes Orçamentárias, feita no ano de 1997 para 1998, o Anexo 1, ”Saúde”, tem exatamente a mesma redação nos anos de 1998 e 1999. E é um compêndio de ironia e mau gosto. Ironia, porque fala em “descentralização e expansão do serviços municipais de saúde”. Esses serviços não atendem nem a metade da população carente de Porto Alegre, sendo alguns colocados estrategicamente e outros advindos da herança repassada no Governo Antônio Britto, de cinqüenta e seis postos de saúde entregues ao município, com equipamento, funcionários e estrutura física. Agora, já decorridos dois anos e meio de Legislatura, não encontramos, apesar do vertiginoso crescimento da tecnologia no mundo, uma área a mais no Anexo 1, ”Saúde”, da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que a criatividade dos administradores do Paço Municipal acrescentasse em uma cidade onde há tantos problemas, cuja área de saúde é tão delicada, tão difícil, tão complexa.

Segundo estudos feitos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a tese de Doutorado do Dr. Airton Stein, médico de família e professor da Universidade, demonstra que 44% das pessoas que procuram o setor de emergência dos hospitais de Porto Alegre poderiam ter o seu problema de saúde resolvido lá na periferia, com o médico de família, com o Posto Avançado de Saúde. Entende-se por saúde da família um processo de prevenção, de disponibilidade, de acesso fácil, de atendimento no mínimo permanente, durante o horário comercial. O que não existe na Cidade de Porto Alegre, e o que existe está eivado de queixas, mal-atendido, malgerenciado.

Além de tudo, aquilo que deveria ser prevenção e esvaziamento de nossas estruturas hospitalares, é feito em uma pequena proporção, muito longe do necessário, permitindo que os setores de emergência dos hospitais fiquem abarrotados de problemas que há muito deveriam estar resolvidos e equacionados. E toda vez que qualquer autoridade responsável ou qualquer pessoa fala pela Administração Popular sobre saúde, imediatamente repassa a culpa para a União, sabendo que mais de 80% daquilo que se faz em Porto Alegre, em matéria de saúde, é financiado e garantido pela União.

É constrangedora a inclusão de uma série de itens de saúde durante todos esses anos que não são realizados pela Secretaria Municipal da Saúde. Por exemplo: continuidade das políticas de saúdes específicas em áreas prioritárias, como a saúde bucal e a AIDS. Os programas de saúde bucal e da AIDS, cem por cento deles, são executados na Cidade de Porto Alegre pela União Federal. Na proposta do Município, nada é feito. Quando é, é pelo Sistema Único de Saúde. Programas especiais para pessoas portadoras de deficiência, visando à integração ao mercado de trabalho, por favor, integração ao mercado de trabalho que simplesmente não existe.

E, quero dizer a vocês que, inclusive, se examinarem hoje o item dois, que é o item educação, toda a criança que entrar em qualquer estrutura deve ser educada e encaminhada em função da mercoescola, isto é, não podemos mais fazer ensino profissionalizante à antiga, temos que mudá-lo, e, se pudermos conduzir o ensino em função das oportunidades de trabalho, não tenha dúvida de que estaremos colaborando com esse item “integração no trabalho”. Não adianta eu formar telefonistas, quando, hoje em dia, a telefonista está em extinção. Não adianta eu empregar fortunas em formação de torneiro-mecânico porque não existe mais a profissão; existe em pequena escala, não há mais oportunidade de empregos.

No entanto, a coisa que mais dá emprego hoje em todo o mundo é turismo. Sabemos que a Administração Municipal tem ojeriza a turismo, odeia turismo, tem aversão a qualquer coisa que se relacione com turismo. Todas as iniciativas turísticas feitas em Porto Alegre são da iniciativa privada. Até o Pavarotti disseram que estava errado, que não tinha que trazer. Tem que trazer o Pavarotti e muito mais, e prestigiar nossas figuras. Sim, claro que sim.

Voltando à área da saúde, quero dizer que isso demonstra o papel inútil que faz um Vereador aqui discutindo a área da saúde, porque, há dois anos e meio, vemos esse Projeto exatamente igual, sem mudar uma vírgula. Será que o mundo não mudou em dois anos? Não existem novas aparelhagens, novas técnicas? Nós não estamos sendo inundados, na nossa sociedade, por problemas com o idoso? O idoso figura nessa proposta? Não, não figura.

 

O Sr. Adeli Sell? V. Exa. permite um aparte?

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Essa é uma técnica sua de querer atrapalhar o meu raciocínio. Mas eu quero lhe dizer que eu vou lhe dar o aparte. Espero que V. Exa. aguarde, para que eu termine o meu raciocínio.

A próxima sociedade vai ser a sociedade do idoso. E nós temos que nos preparar para ela e, mais do que isso: nesta sociedade, já está predominando o idoso. Na estatística do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística há um predomínio das pessoas de mais de 50 anos na curva de habitantes. Essa é uma conotação clara de que devemos nos preparar para o próximo século, quando o problema do idoso e das doenças generativas vai ser o programa de predomínio. Não há uma palavra, aqui..

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Cláudio Sebenelo, me desculpe a insistência, mas eu queria fazer algumas pequenas correções, se me permitir. Na questão do turismo, eu creio que talvez seja uma falha nossa, mas está a caminho desta Casa um projeto que cria o Fundo Municipal de Turismo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: A Secretaria Municipal de Turismo seria mil vezes melhor.

 

O Sr. Adeli Sell: Mas um Fundo é extremamente importante, V. Exa. há de convir. Segundo, creio que V. Exa. não leu, e eu vou fazer chegar as suas mãos um material da FESC que trata da questão dos idosos. Acho que V. Exa., no caso, infelizmente, não recebeu os últimos materiais ou, talvez, a sua assessoria não tenha lhe passado.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: V. Exa. disse muito bem: na FESC, não na área da saúde.

 

O Sr. Adeli Sell: Na área da saúde, eu creio, também, que V. Exa. está um pouco desatualizado sobre a questão da AIDS, porque nós incrementamos enormemente, no último período, o tratamento dos portadores de AIDS na cidade de Porto Alegre.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Muito obrigado pelo seu aparte, só quero lhe dizer que quem trata da AIDS, o centro de referência, é o Hospital de Clínicas e o Hospital Conceição - órgãos federais. Esses, realmente, estão fazendo alguma coisa pela AIDS. O resto é essa parte mais de assistência social, entendendo-se, por assistência social, no Município de Porto Alegre, alguma coisa que ainda não conseguimos detectar de uma forma sólida, para que fossem um pouco mais ostensivos os recursos destinados à assistência social. Ora, isso são os 13% da área da saúde que nunca foram aplicados em saúde. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, algumas discussões, nesta Câmara, às vezes, parecem uma comédia bufa. As pessoas que assistem – acredito - pela televisão, devem-se perguntar se estão em Porto Alegre, ou se há algum problema com a NET e a transmissão é de outra Cidade que não se refira à Porto Alegre. Penso que é extremamente rebaixado fazer aqui uma discussão sem contextualizar a questão geral por que passa o País.

Temos um Governo absolutamente submetido, temos um Governo de cócoras, temos um Governo de quatro, Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, já que o FMI vem aqui e diz onde deve fazer os cortes. Sabem onde, Ver. Cláudio Sebenelo, ele faz os cortes? É na área social, Ver. Cláudio Sebenelo. O seu Presidente se submete da forma mais servil, mais serviçal do que qualquer Presidente que este País já teve, porque não pode ter havido alguém mais serviçal aos interesses do capital financeiro internacional do que o atual Presidente Fernando Henrique Cardoso. É na área social, é na área da saúde. E V. Exa. vem aqui criticar no Município de Porto Alegre! V. Exa. sabe quanto foi cortado no orçamento da Nação este ano, Ver. Cláudio Sebenelo? Claro que sabe. O Ver. Cláudio Sebenelo é um Vereador que sabe, porém, ele vem aqui e diz tudo o que pensa ao contrário. Tenho dito isso para ele. Infelizmente, são as coisas da vida partidária.

Temos que ter claro que essa Lei de Diretrizes Orçamentárias, assim como o Orçamento do Município de Porto Alegre, assim como o Plano Plurianual, vem imantado por um processo rico, um processo de discussão e toda a Cidade de Porto Alegre, através da sua representação, seja aqui, a democracia representativa, seja na democracia direta, participa da sua elaboração. Temos muito claro, Ver. Cláudio Sebenelo - tão enfático nas suas intervenções -, que uma discussão orçamentária, onde se envolvam segmentos da sociedade, onde se envolvam o maior número de pessoas, tem muito mais chance de dar certo. Nós temos bem claro como é feito o Orçamento na União, quando, há alguns anos, se acrescentavam emendas por falta de controle popular, mesmo depois de votado o projeto. Temos claro, Ver. Renato Guimarães, como se dava o Orçamento do Estado quando o Governo Britto priorizava as grandes empresas em detrimento da área social, quando não se colocou nenhum real na área da habitação. Nenhum real! E agora vem falar em dotação na saúde em Porto Alegre, Ver. Cláudio Sebenelo!

O Governo de V. Exa., o Governo do PSDB apoiado pelo PPB, pelo PDT, pelo PMDB, busca a privatização da saúde. É claro que a remuneração do SUS é ridícula! É claro que o médico ganha muito pouco pelo trabalho que realiza! É claro que os hospitais têm dificuldades em sustentar o SUS! Mas é porque querem privatizar a saúde!

 

O SR. PRESIDENTE Ver. Juarez Pinheiro, eu só quero lembrar que V. Exa. está apenas respondendo ao Vereador e deve centrar-se no assunto em Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Eu estou falando na LDO, Sr. Presidente, estou falando em verbas da Saúde, e gostaria que V. Exa. também tivesse alertado o Ver. Cláudio Sebenelo, quando comentava essa questão.

 

O Sr. Renato Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) É interessante destacar que no anexo da LDO que trata da questão da Saúde, há um destaque ao processo de incentivo aos COAs, Centros de Orientação e Apoio aos portadores do vírus HIV. No ano passado, a Organização Mundial da Saúde repudiou a política estadual do Governo Antônio Britto e do Governo Federal, nos quatro anos, pela negativa em constituir coordenações nacionais e estaduais que viessem a efetivar políticas diretas para o portador do vírus HIV. Aqui em Porto Alegre, nós já estamos com os COAs funcionando e dando atendimento ao portador do vírus.

Gostaria de aproveitar o momento para colocar algo sobre a redução dos gastos federais nas áreas sociais. Na área da Saúde é onde há os principais cortes. O Orçamento, no ano de 1998 para o ano de 1999 sofre um corte que chega quase a 10% do que era orçado para o ano de 1998. Obrigado.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Juarez Pinheiro, ouvi críticas aqui sobre a quantia irrisória de dinheiro que aplicaríamos na Secretaria de Indústria e Comércio. Quero lembrar que além da IETEC, estamos aplicando na Ciência e na Tecnologia da Cidade, enquanto que em nível federal desapareceram as verbas de Ciência e Tecnologia. Obrigado.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Adeli Sell, quero, aqui, lembrar Michel Levi, que é um professor da Sorbonne, que não é do PT, que registrou, esta semana, que Porto Alegre, que o Rio Grande do Sul é a resistência ao modelo neoliberal. Temos que ter claro que no orçamento que propomos aqui nós priorizamos a área social; temos que ter claro que não fomos nós que criamos a Lei Camata. É pena que o Ver. João Dib não esteja aqui, ele que faz críticas à questão salarial. Desafio qualquer Vereador de oposição a dizer em que município, que administram, há uma política salarial que seja melhor do que a de Porto Alegre. Não é que Porto Alegre tenha uma política salarial significativa no sentido da dignidade que cada trabalhador deva ter na remuneração do seu trabalho, mas é a menos ruim. Quero que citem aqui, Ver. Cláudio Sebenelo, qual é o município administrado pelo seu Partido que tem uma política salarial igual a que temos em Porto Alegre.

Quero chamar a atenção de que aqui a priorização é sobre os serviços sociais, aqui em Porto Alegre não são priorizados os grandes monopólios, aqui se tem coluna vertebral, aqui não se dobra a cerviz. Vamos fazer um questionamento, Ver. Cláudio Sebenelo: quanto gasta o Governo Federal em saúde per capita? Não mais que oitenta e cinco reais. Temos em Porto Alegre uma média de duzentos e setenta reais em gastos com saúde. Mas temos o entendimento de que esse Governo que está aí realmente quer bombardear o SUS, porque o SUS não interessa àquelas pessoas encasteladas no Ministério da Saúde. O SUS não interessa ao FMI, o SUS não interessa ao Governo Fernando Henrique Cardoso, e é por isso que a remuneração dos trabalhadores médicos é baixa; é por isso que a remuneração dos hospitais é baixa, porque o que se quer é quebrar o sistema, para que depois os grandes grupos privados da saúde possam espoliar, ainda mais, a questão da saúde da população brasileira.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Juarez Pinheiro, eu não peguei toda a colocação do Ver. Cláudio Sebenelo, mas aceito o seu desafio quanto à questão de Municípios do PSDB. Proponho-lhe que não façamos a comparação de Porto Alegre, que é um grande Município, mas tomemos os municípios das mesmas dimensões dos que vou citar, administrados pelo PSDB, e os comparemos com outros municípios das mesmas dimensões, administrados pelo PT; e aí podemos fazer o desafio. Eu quero propor-lhe que comparemos Picada Café, Três Passos e Pinheiro Machado, três municípios administrados por Prefeitos do PSDB, com outros três municípios, que V. Exa. poderá escolher, como por exemplo: Ronda Alta e outros municípios administrados pelo PT, e aí retomaremos esse debate.

Em relação à saúde, Vereador, queria lhe consultar se V. Exa. incluiu nesses oitenta e cinco reais de repasse de saúde, o Hospital da UFRGS, o Grupo Conceição e o dinheiro que vem para o HPS por parte do Governo Federal, porque aí parece que o valor sobe um pouquinho.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Antonio Hohlfeldt, eu quero dizer que esse é um tipo de debate que interessa, e que eu respondo com muita honra, e dele participo, porque esse é um debate conseqüente. O valor que eu dei de oitenta e cinco reais, Vereador - V. Exa. pegou a minha intervenção parcialmente -, significa o gasto “per capita” com saúde de cada cidadão brasileiro; essa é a média. A Argentina, por exemplo, onde o modelo neoliberal está muito mais avançado do que no nosso País, o gasto com saúde, “per capita” está em 440 reais; na Venezuela está em 350 reais; aqui, no Brasil, nós estamos com oitenta e cinco reais, tristemente. E há um corte substancial, determinado pelo Fundo Monetário Internacional.

Eu sei, Ver. Cláudio Sebenelo, da importância que V. Exa. teve na saúde desta Cidade, quando dirigia o Grupo Hospitalar Conceição. A minha crítica não é pessoal a V. Exa., mas quero dizer que o Partido de V. Exa., no que tange a essa questão - e eu não quero nem ser mais abrangente -, está sendo absolutamente serviçal ao Fundo Monetário Internacional, aceitando os cortes na área da saúde determinados. Não há moral, não há como querer fazer uma discussão fragmentária da questão da saúde, pois o Governo da União sequer está honrando o compromisso que fez com os Postos de Saúde da Família, para os quais não repassou mais nenhum centavo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que bom que agora o Ver. João Dib, e outros expoentes da oposição, já aceitam fazer o debate além das fronteiras do nosso Município e, quem sabe, até o Mampituba. O Ver. João Dib, falando da questão do funcionalismo, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, terminou com uma frase grandiloqüente, como é do seu estilo, dizendo: “Este é o PT”. Ele manifestou um desejo secreto de que o nosso Prefeito mandasse um projeto de lei, abolindo a Lei da Bimestralidade, porque essa Lei incomoda a oposição, pois ela é um elemento diferenciador, um divisor de águas.

Quem visse o Ver. João Dib, do PPB, fazer essa frase, poderia confundir-se. O seu Partido, em nível nacional, tem apoiado a política do Collor, a política das demissões, da famosa caça aos marajás que, na verdade, era todo um movimento no sentido de atacar o funcionalismo. Está apoiando essa política destrutiva do Fernando Henrique Cardoso em cima dos funcionários públicos federais, que estão há mais de três anos sem aumento. No Estado - pena que o Vereador não esteja aqui - o PPB apoiou o programa do PDV, da chamada demissão voluntária, entre aspas, que, na verdade, é um PDI, uma política de demissão induzida através dos meios de comunicação, que deixou muita gente sem emprego, sem nada, e muitos até foram recontratados pelo próprio Governo do Estado.

O Ver. João Dib pode falar sobre qualquer assunto! Eu não posso? O Ver. João Dib pode fazer frases em relação ao meu Partido e eu agora estou analisando o seu Partido.

O Ver. João Dib, discutindo a Lei de Diretrizes Orçamentárias sobre a questão do funcionalismo, esquece-se de tudo isso. O seu Partido apoiou o PDV - inclusive, se o Vereador quiser, eu o levo lá do lado da minha casa, onde há uma das vítimas do PDV -, apoiou a política, em nível do Estado, que revogou o Plano de Carreira dos Professores, e vem a esta tribuna se apresentando como bom para os funcionários.

Termino essa questão da mesma forma: este é o PPB, aliás ARENA, que foi PDS, que hoje é PPB, que vem a esta tribuna. É um partido que está tendo uma política tão má, em nível federal, para cima dos funcionários, como foi tão mau, quando esteve coligado no Estado, com o Governo passado, e que aqui, estranhamente, no Município, é o bonzinho para os funcionários públicos.

Vejam como no discurso é fácil de a gente ludibriar as pessoas. Como é que um partido, que apóia toda essa política nefasta em nível federal, que apoiou a política nefasta em nível estadual, pode ser um partido que defenda os interesses do funcionalismo público de Porto Alegre? Como pode?

Outro item é a questão da assistência social, que merece ser trabalhada um pouco mais, porque as políticas de assistência social, nesta época de crise, de desemprego em nível nacional, acabam tendo que ser redimensionadas; acabam tendo que ser supervalorizadas, em função de serem políticas que visam a garantir os chamados mínimos sociais.

Outro ponto que quero abordar é quanto à questão dos transportes, fazer coro com algumas questões que o Ver. Elói Guimarães colocou desta tribuna, de forma muito oportuna, e até estabelecer, não a divergência, mas aprofundar a questão das novas tecnologias.

O Ver. Elói Guimarães lembrou, com justiça, que quando nós fizemos aquele Projeto de Lei nós fomos execrados pela opinião pública, de que estávamos contribuindo para o aumento do preço da passagem, de que estávamos nos “apelegando”. E o que é que aconteceu um ano depois? O mar não invadiu a terra, não aconteceu nada! Portanto, as pessoas são péssimas analistas ou péssimos adivinhos nesta Casa.

Ver. Elói Guimarães, eu vejo que há um ponto na nossa Lei de Diretrizes de Bases que trata da questão das novas tecnologias. A tecnologia não é neutra. É impossível pensarmos na tecnologia descolada dos interesses de quem ela vai servir ou a quem ela serve, ou do uso que dela vamos fazer. Por isso ela é não neutra.

Toda tecnologia está a serviço de “a”, “b”, ou “c’. Não podemos, de maneira nenhuma, achar que podemos prescindir das novas tecnologias. Porto Alegre não pode se constituir numa ilha, num momento em que todas as capitais adotam determinadas tecnologias no transporte, como a questão da roleta eletrônica, e ficar atrás disso. Não há como! Não é o caso de adotarmos o exemplo do início da Revolução Industrial, quando os operários, equivocadamente, quebraram as máquinas, porque tinham uma idéia equivocada sobre a tecnologia.

Não é a tecnologia em si, mas a serviço de que projeto político ela está; qual é o objetivo dessa tecnologia. No nosso caso concreto: ou essas novas tecnologias ficam a serviço do lucro, ou vão ficar comprometidas com o bem-estar da população de Porto Alegre, onde se incluem os trabalhadores do próprio transporte coletivo.

Nós não podemos deter a tecnologia. Dou alguns exemplos óbvios: não há como imaginarmos que Porto Alegre tivesse feito uma resistência ao automóvel e tivesse permanecido com o carro de tração animal; não há como fazer isso! Não há como os bancos abrirem mão da tecnologia do cartão magnético, o cartão eletrônico; como a própria Câmara Municipal de Porto Alegre, não teve como não introduzir a tecnologia do computador. Quando estive aqui, na minha primeira legislatura, não havia computador; hoje, tem! Não tem como querermos fazer esse tipo de resistência às novas tecnologias.

Não há como deixarmos, em algum momento da história desta Cidade, de implantar aquelas tecnologias do transporte que todas as capitais estão implantando.

O que temos de fazer é: que essa tecnologia leve em conta, Vereador - acho que aqui é o ponto de convergência com V. Exa. - o interesse dos usuários e dos trabalhadores. Tem que haver um processo de discussão, um processo negocial, para que possamos atingir plenamente os objetivos.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu ouço a sua manifestação e pretendo fazer um debate acerca desse aspecto que V. Exa. está sustentando, que é a defesa desse avanço tecnológico na conjuntura da sociedade em que vivemos. Eu gostaria de comunicar que nós vamos travar um debate nessa relação do avanço tecnológico dentro da sociedade que nós estamos vivendo.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Um debate civilizado como têm sido os nossos debates, Vereador.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Paulo Brum.)

 

Há Vereadores que não leram a LDO. O Ver. Paulo Brum, que me faz um aparte anti-regimental, ou não leu ou realmente está fazendo um aparte anti-regimental para me perturbar aqui na tribuna, porque essa questão das novas tecnologias está num item que trata dos transportes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,  nesta Pauta Especial em torno da LDO os ânimos sempre esquentam, principalmente quando se fala sobre saúde. Quando o médico e Ver. Cláudio Sebenelo brilhantemente defende os seus pontos de vista, colegas Vereadores, que não são médicos, mas que também se dedicam ao estudo dos problemas da saúde - que neste País é um caos -, ficamos aqui com o ponto e com o contraponto e com o bate-boca democrático.

Ver. Guilherme Barbosa, tratamos da saúde quando ela está em estado terminal, quando poderíamos tratar dela muito antes, dando saúde à população, através do esporte, do lazer e da recreação.

Esse Projeto da LDO, que o Sr. Prefeito envia a esta Casa, contempla, graças a Deus, áreas de lazer e esportes.

Vejo, aqui, com grande satisfação e alegria - e não é a primeira vez que venho a esta tribuna para enaltecer, elogiar e ressaltar - o competente trabalho da Secretária Municipal e Esportes, Profª. Rejane, e sua equipe. A Profª. Rejane tem enfrentado dificuldades desde os primeiros quatro anos do Governo Tarso Genro, que foi quem criou a Secretaria, porque se tratava de uma Secretaria nova e que teve como embrião a supervisão de esportes da Prefeitura, que até então era um órgão vinculado à Secretaria Municipal de Educação. Desde aquela época a Profª. Rejane demonstrou que era possível, juntamente com a sua equipe, com criatividade e vontade, desempenhar um bom trabalho. A Profª. Rejane continua à frente da Secretaria com o Prefeito Raul Pont, vem repetindo e aumentando esse trabalho, mas a Secretaria tem problemas no orçamento, Ver. Guilherme Barbosa, apenas 0,49% dedicados ao esporte, ao lazer e à recreação.

Precisamos fazer um esforço nesta Casa, juntamente com as lideranças e os Vereadores, para que, no orçamento, possamos contemplar a Secretaria Municipal de Esportes com um orçamento melhor e maior e, como prevê a LDO enviada pelo Sr. Prefeito, a ampliação e qualificação do acesso ao lazer e ao esporte amador especialmente nas zonas periféricas. E tenho-me dedicado a essa bandeira e debatido esse assunto que nada adianta tirar o povo, a comunidade, do seu meio para trazê-los ao Parque Marinha, ao Parque da Redenção, ao Parcão. Eu acho que está certa a idéia que o Sr. Prefeito manda através da LDO, ou seja, fixar essa comunidade no seu núcleo, lá levando o lazer e o esporte. O incentivo ao futebol de várzea, que também prevê a LDO, com a implantação de campos de periferia... Eu, há pouco, conversava com o Secretário Municipal da Fazenda, Dr. Odir, exatamente sobre esse item: incentivo ao futebol de várzea e implantação de campos de periferia, através de um Projeto meu nesta Casa, ainda de 1992, que é lei e nunca foi cumprida e que prevê a ocupação, temporariamente, com campos de futebol, lazer e recreação dos terrenos baldios pertencentes à Prefeitura Municipal. Comunicava-me, há pouco, o Sr, Secretário, que já fez um levantamento, que já entrou em contato com a Secretaria Municipal de Esportes e que a Secretaria Municipal dos Esportes já informou, à Fazenda, as áreas que podem ser transformadas. E, finalmente, o Projeto hoje é lei, que vai ser cumprida, não para minha satisfação, mas para a satisfação e a grandeza e do esporte nesta Cidade.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, V. Exa. sabe que muitos de nós, chamados da esquerda, tínhamos um preconceito contra o esporte, porque, muitas vezes, o esporte - principalmente o futebol - era utilizado para um processo de demagogia e compra de votos nos processos eleitorais, com distribuição de camisetas e assim por diante.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: E continua até hoje.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: Continua. No entanto, por pressão de alguns Vereadores desta Casa, que têm ligações com o esporte, o nosso Governo, administrado pelo amigo Tarso Genro, aceitou aquela pressão e estruturou, com o apoio da Câmara, uma Secretaria de Esportes, que ao longo do tempo vem fazendo - e eu tenho escutado V. Exa. e outros que têm ligação - um trabalho de qualidade, apesar de um recurso tão pequeno. Eu quero comentar, em relação aos recursos, que todo esse percentual é discutido no nosso processo do Orçamento Participativo. E é preciso então que as pessoas ligadas se envolvam no processo, porque eu lembro que o pessoal da política social se preocupava muito porque não vinha demanda das comunidades, e eles resolveram ir à luta e sabem que paulatinamente, a cada ano, as demandas de política social têm avançado.

E por último dizer que me associo, já disse isso a V. Exa., à idéia de colocar em prática essa Lei que foi de sua autoria, porque é uma grande Lei, sem isentar ninguém do IPTU, como outra que aqui se tentou colocar, e vai incentivar o esporte nas comunidades. Aliás, muitos dos nosso craques saem exatamente desses campos da periferia. Obrigado.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Ver. Carlos Alberto Garcia, grande desportista, grande liderança, Diretor do IPA e também um homem dedicado às causas esportivas, não só agora como Vereador, mas uma luta muito antiga. É um prazer conceder um aparte a V. Exa.

 

O Sr. Carlos Alberto Garcia: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Somos testemunhas do que V. Exa. está falando, do trabalho muito bom que a Secretária Rejane está fazendo à frente desta Secretaria. Uma Secretaria, conforme o Líder do PT, Ver. Guilherme Barbosa colocou, com poucos recursos. Este ano vamos ter, certamente, o seu apoio para tentar conseguir mais verbas para esta Secretaria. Hoje esta Secretaria tem 0,49%, do Município. É um valor muito baixo, mas a Profª Rejane consegue fazer - como eu digo às vezes - milagres com esse envolvimento. E a todo o campeonato de várzea, hoje, ela conseguiu dar uma nova visão. Consegue fazer inúmeras competições, como neste fim de semana, dia dezenove, fará uma competição com todos os segmentos esportivos, de atletismo na Redenção. Há duas semanas conseguiu envolver quarenta e oito equipes de basquete, das mais diferentes, e com uma visão diferenciada, não se preocupando se são federados ou não federados, ou seja a prática desportiva acima de tudo. É essa visão salutar que se deve ter em todos os segmentos.

Então parabenizo V. Exa. pela sua intervenção e lembro sempre Vereador, que a nossa luta tem que ser para conseguir mais verbas para que a nossa população possa ter desporto e lazer, já que é algo muito decantado em todos os segmentos. Parabéns.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Muito obrigado Ver. Carlos Alberto Garcia, muito obrigado Ver. Guilherme Barbosa. Quero dizer, ainda, sobre este assunto, que é importante a criatividade. Os administradores públicos precisam entender que não podem apenas administrar com recursos públicos, podemos buscar parcerias na iniciativa privada. A Profª Rejane tem uma equipe fabulosa, com o Prof. Mário, Prof. Amilcar e outros tantos que conhecem as dificuldades. E quando a LDO fala - iluminação de campos de várzea - é uma coisa que está acontecendo, já aconteceu. O campo da Restinga já foi, inclusive, inaugurado, as comunidades estão podendo jogar futebol à noite.

Então, ao encerrar este pronunciamento, digo Ver. Cláudio Sebenelo, que nós poderíamos estar investindo em tudo isto: esporte, lazer, recreação e evitando que, lá na ponta, os hospitais estivessem lotados, por doenças às vezes banais, em função de uma falta de estrutura lá na infância, uma falta de estrutura na adolescência, na juventude. Então, acho que o esporte, lazer e recreação são importantes sim! A LDO contempla sim! Muita coisa que já está vindo através da LDO já está em prática. Então eu quero parabenizar o Sr. Prefeito por esta iniciativa e mais uma vez parabenizar a Secretaria Municipal de Esportes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com apartes)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 0903/99 – SUBSTITUTIVO Nº 01, que dispõe sobre a instalação de Estações Rádio-Base (ERBs) e Mini-Estações Rádio-Base (Mini-ERBs) de Telefonia Celular e dá outras providências, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 020/99, ambos de autoria do Ver. Juarez Pinheiro.

 

PROC. 1724/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 066/99, de autoria da Verª Clênia Maranhão, que autoriza o Poder Executivo Municipal a realizar os convênios necessários ao recebimento de pessoas perseguidas pelo pensamento e refugiados.

 

PROC. 1751/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 069/99, de autoria do Ver. Adeli Sell, que estabelece as condições legais para a cobrança do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza sobre todos os meios de hospedagem que prestam serviços da mesma natureza dos prestados pelos hotéis.

 

PROC. 1854/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 075/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que obriga as casas noturnas, locais de espetáculos, bingos e estabelecimentos similares, com capacidade para mais de 50 (cinqüenta) pessoas, a instalar equipamento sensor de metais e dá outras providências.

 

PROC. 1827/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 073/99, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que altera o inciso II do art. 1º da Lei nº 6998, de 10 de janeiro de 1992, que estende os benefícios da passagem escolar nos serviços de transporte coletivo explorados, concedidos ou permitidos no Município de Porto Alegre, e inciso III da mesma Lei, acrescentado pela Lei nº 7462, de 20 de julho de 1994, e dá outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1673/99 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 01/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que acrescenta § 6º ao art. 116 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre e dá outras providências. (Recursos financeiros para UAMPA)

 

PROC. 1710/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 064/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que dispõe sobre a instalação de cercas eletrônicas de proteção no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 1733/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 068/99, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que inclui o “Torneio Aberto de Golfe Município de Porto Alegre” no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.

 

PROC. 1790/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 070/99, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que denomina Esquina da Comunicação à confluência da Rua Caldas Júnior com a Rua dos Andradas, no centro de Porto Alegre.

 

PROC. 1800/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 071/99, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que institui, no âmbito municipal, o Dia Nacional da Polônia.

 

PROC. 1819/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 072/99, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que denomina Rua Monteverde um logradouro irregular localizado no Bairro Belém Velho.

 

5ª SESSÃO

 

PROC. 1793/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 026/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que altera o Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, incluindo § 2º no Art. 152 e renumerando o Parágrafo único para § 1º. (inscrição para discussão da Pauta)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Elói Guimarães. Ausente.

Eu chamo a atenção dos Vereadores para o fato de que nós temos, exatamente, os seis primeiros inscritos, tanto em Pauta Especial quanto em Pauta comum. Temos que convir que não é um rodízio democrático. Em todo o caso, agora que estamos laborando as mudanças regimentais, no sentido de democratizar o nosso Regimento, gostaria que os Vereadores refletissem sobre isso.

É evidente que os Vereadores que chegam primeiro, se inscrevem, não há dúvidas sobre isso. Só pediria que reflexionassem sobre o rodízio dos seus colegas.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, esse Projeto que estamos votando, da modificação do Regimento, determina exatamente isso, que as inscrições sejam feitas no período que inicia.

 

O SR. PRESIDENTE: Seria uma iniciativa salutar, porque até podem ser os mesmos Vereadores, desde que eles concordem que os seus colegas se inscrevam em Comunicações ou em outro período.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Está aprovado, mas não está vigendo ainda, não é?

 

O SR. PRESIDENTE: Ainda não está vigendo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, reforçando o que V. Exa. está dizendo...

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Cláudio Sebenelo, quero fazer uma Questão de Ordem a V. Exa.

Eu tenho o maior apreço por V. Exa. que sabe do carinho que eu tenho por V. Exa., mas eu noto - já aconteceu hoje quando V. Exa. estava na tribuna - que V. Exa. não se tem dirigido aos colegas nos termos regimentais - sei que não é por má intenção. Eu peço que, em vez da expressão “vocês”, V. Exa. use a expressão “V. Exa.” Eu sei que V. Exa. não vai levar a mal. Eu tenho corrigido os Vereadores porque o Regimento exige. Fico constrangido, eu não sou corregedor, não sou mais do que nenhum Vereador, sou apenas um coordenador, mas tenho que cumprir o Regimento. Eu me sinto constrangido, Ver. Sebenelo, V. Exa. pode crer, mas eu tenho que cumprir o Regimento.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, não sei se seria o caso de um requerimento. Eu conversava com a Vera. Clênia Maranhão, e a Vereadora sugeria o seguinte: que nessa Pauta, que é simples, que não é especial, a prioridade fosse dada para os Vereadores que têm projetos que estão em discussão.

 

O SR. PRESIDENTE: Para este Presidente ficaria um pouco embaraçoso porque eu não sei quais os Vereadores que têm projetos na Pauta. Mas de qualquer forma, o Ver. João Dib desistiu e o Ver. Elói não está presente - pode ser que chegue.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, na realidade, a Pauta Especial e a Pauta comum têm assuntos diferentes, mas hoje o Ver. Elói Guimarães, este Vereador e o Ver. João Carlos Nedel, entendendo que a Vera. Clênia Maranhão gostaria de discutir um Projeto seu, abrimos mão da nossa inscrição. Mas eu acho que quem se inscreveu primeiro deve usar a tribuna primeiro.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu não estou impugnando, nem poderia fazê-lo. Eu só falei no sentido de que já está aprovada a mudança no Regimento; só falta implemantá-la É uma questão de poucos dias, e essa mudança vai oportunizar que um maior número de Vereadores falem.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, eu só queria fazer a seguinte observação: essa questão de rodízio não é plenamente democrática, porque as bancadas compostas de um ou dois Vereadores falam sempre, mas com as bancadas de maior número de Vereadores não é isso que ocorre. Então, mesmo havendo rodízio, não fica contemplada a preocupação que V. Exa. está apresentando. Eu penso que, como disse o Ver. João Dib, o critério tem que ser a ordem de inscrição dos Vereadores.

Ao mesmo tempo que estou falando, falaram o Ver. João Dib, Ver. Cláudio Sebenelo e outros.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. José Valdir, apenas estou falando que já está aprovada a modificação, não foi este Vereador que propôs a mudança, só estou citando que dentro de poucos dias haverá a nova modalidade, se é a melhor ou não, também não estou dando opinião de mérito, já está aprovada. A nova modificação é a seguinte: para o período de Pauta, V. Exas entram na fila e se inscrevem, e quando houver a inscrição para Comunicações, haverá nova inscrição. No momento, se o Vereador quiser se inscrever para Pauta, Pauta Especial, Comunicações e Explicação Pessoal, pode fazer as quatro inscrições desde que seja o primeiro da fila.

Então, foi modificado, só quero comunicar. Não estou querendo inventar, só estou dizendo que, já que está aprovado, poderia começar a ser aplicado. Não vamos discutir, por enquanto está valendo.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Estamos, justamente, em período de Pauta. Então, a modificação não distingue Pauta Especial de Pauta, estamos dentro do espírito da nova modificação.

 

O SR. PRESIDENTE: Estou chamando uma inscrição que está previamente agendada. O terceiro inscrito é o Ver. Cláudio Sebenelo que já está na tribuna, e que vai falar pelo tempo regimental de cinco minutos. Com a palavra o Ver. Cláudio Sebenelo para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Pauta de hoje está recheada de projetos da melhor qualidade, dentre eles o Projeto do Ver. Juarez Pinheiro, a quem além de cumprimentar, queria dar uma informação a respeito do seu pronunciamento: o Brasil em 1995 gastava 48 dólares per capita e está gastando 191 dólares per capita. Muito abaixo de países como a Bolívia, mas 400% a mais do que gastava em 1995.

Fiz questão de inscrever-me na Pauta, chegando às 13 horas e 15 minutos, onde já se encontravam o Ver. João Dib e Elói Guimarães, porque pela 3ª Sessão - e num esforço inaudito - não conseguia inscrever-me. A única vez em que me inscrevi fui desempenhar as funções de Secretário “ad hoc” e por isso perdi a vez.

Então, queria dizer que tenho um Projeto de Lei que denomina Esquina da Comunicação a confluência das ruas Caldas Júnior com Rua dos Andradas no Centro de Porto Alegre. Um dos prédios que certamente se constitui reserva histórica desta Cidade é o que hoje abriga o Museu Hipólito da Costa. Museu Hipólito da Costa, Ver. Lauro Hagemann, que foi a sede do nosso Diário Oficial e, antes, a sede de um inesquecível e um dos mais importantes jornais da nossa história, chamava-se A Federação, cujo proprietário era Júlio Prates de Castilho, Presidente do Estado e figura plasmada na nossa história como, e no melhor sentido da palavra, um inesquecível caudilho.

Em frente ao Museu Hipólito da Costa, hoje, há muitos anos localiza-se a sede do Correio do Povo. Muitas vezes eu pensei em nomear aquela esquina de Esquina do Povo em homenagem ao Correio do Povo e ao povo da nossa Cidade. Mas depois, pela existência de outros jornais de excepcional qualidade, como eram os tablóides Folha da Manhã, Folha Esportiva, excelente jornal especializado em esportes e de incrível circulação na Cidade, e Folha da Tarde. E até hoje não sei por que Porto Alegre ainda não ressuscitou o Vespertino.

Pois ali se inseriu uma rádio chamada Rádio Guaíba, que tinha não só o nome dessas águas que namoram eternamente a nossa Cidade, do Rio Guaíba, mas tinha a marca da discrição que chamava a atenção. É um paradoxo mas era assim. O bom gosto e especialmente a sobriedade e o compromisso com a realidade, fez com que uma plêiade de jornalistas fosse revelada naquela época. Eu não dormia sem ouvir e me atualizar, à noite, com uma voz extremamente familiar, conhecida, que invadia a minha casa, diariamente, durante muitos anos, e que hoje, aqui na Câmara, é um dos seus expoentes: o Ver. Lauro Hagemann. Ali talvez seja a verdadeira Esquina da Comunicação. E hoje, com a abertura e a idéia brilhante e talentosa da fazer essa atividade rádiojornalística - em primeiro, um debate, e, em segundo, uma exposição -, ali se inaugurou o Estúdio de Cristal, onde a transparência realmente existe, que é tão alardeada e, às vezes, meio opaca, como uma série de perguntas que podemos fazer aqui, perguntando pela transparência. Hoje essa transparência está, exemplarmente, localizada ali naquela esquina.

Em homenagem a essa transparência e toda a possibilidade de comunicação que integra o ser humano e a história daquela esquina, no seu somatório, com uma consulta ao meu amigo Armando Burd, chegamos à conclusão que Esquina da Comunicação era o nome ideal. É por isso que estamos entregando, agora, este microfone, com este Projeto na Pauta, que é um Projeto da Cidade e que denomina Esquina da Comunicação um de seus pontos mais importantes e tradicionais. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras e Srs. Vereadores, venho discutir um Substitutivo a um Projeto de minha autoria, e o faço com imensa honra. Trata-se da proposta por mim aqui colocada, nesses dois anos e meio de mandato, que considero da maior importância. Refere-se à questão das estações de Rádio-Base. Nós fizemos uma proposta, há aproximadamente três meses, com base em um Decreto Municipal, sobre as regras para a instalação e também do controle das radiações eletromagnéticas não-ionizantes que derivam dessas Estações de Rádio-Base. Feita a proposta que foi confeccionada com base num Decreto Municipal, pioneiro juntamente com Campinas e Maringá, Paraná, nós tivemos a felicidade de conseguir reunir os melhores técnicos, não digo que sejam os melhores somente do Rio Grande do Sul, mas quem sabe sejam os melhores do País, da nossa Universidade Federal, da Pontifícia Universidade Católica, juntamente com funcionários da Secretaria do Planejamento e do Meio Ambiente.

Ocorreram inúmeras reuniões, Ver. Cláudio Sebenelo, em que houve colocações inicialmente em cima de minha proposta e em cima de uma discussão que é absolutamente nova. As radiações eletromagnéticas, não-ionizantes, no sentido de que não retiram elétrons em suas radiações, elas têm dois efeitos principais sobre a saúde: são os térmicos e não-térmicos.

No que se refere aos efeitos térmicos, há na literatura médica a absoluta comprovação dos efeitos maléficos, no caso das radiações atingirem patamares que o organismo humano não suporta. Temos na cabeça, nos olhos, uma grande quantidade de água e sabemos que cada molécula de água tem um momento polar que está vinculado ao seu campo intrínseco do organismo humano. A partir do momento em que um outro campo magnético - e a potência que há em uma estação de Rádio-Base é muito grande - interfere nesse campo do nosso organismo, em nossas moléculas de água, nesse momento polar, acontece uma fricção das moléculas, há o aumento da temperatura e há uma verdadeira fritura de tecidos humanos, se isso não for bem controlado.

Quero citar aqui dois técnicos principais: Dr. José Irineu Kunrad, Doutor em Física, e o Dr. Álvaro Sales, do Departamento de Física e Engenharia Elétrica da Universidade Federal. Duas pessoas que capitanearam essas discussões, faz com que tenhamos uma alteração significativa na primeira proposta que é a adoção das normas adotadas na comunidade européia, relativamente a esse assunto.

Nós temos hoje basicamente, no mundo, duas escolas que tratam da questão do nível suportado pelo organismo humano de radiações eletromagnéticas não-ionizantes: a legislação americana, que, praticamente, vige apenas nos Estados Unidos e a da ICNIRP - International Comission on Non-Ionizing Radiation Protection - que é uma instituição não-governamental, sem fins lucrativos, com a participação de representantes de inúmeros países na sua elaboração, e que é aplicada na maioria dos países da Europa. Essa diferença entre uma escola e outra é significativa, porque a primeira, a escola americana, admite o nível de radiação eletromagnética de até 5,8 watt/m2, ao passo que as normas européias aceitam até o limite de 4,2 watt/m2. Parece-nos que essa foi a conclusão. Tive que retrair um pouco no meu Projeto, porque eu colocava a impossibilidade da instalação ao lado de residências com uma distância mínima de trinta metros, e os professores da Universidade, em reuniões exaustivas, chegaram à conclusão que a distância não é a questão fundamental e, sim, o nível de radiação não ficar superior a esse patamar.

Por óbvio, se houver um obstáculo físico, ou de um edifício, por exemplo, aquelas ondas batem e retraem, descendo e atingindo as residências. Mas não havendo o óbice de uma questão física ou do edifício, não há problemas.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador). Vereador, houve, na sua exposição, não só um compromisso com a didática, mas também um rigor científico. Quero dizer que esse tipo de projeto talvez seja da maior importância, porque a tecnologia é uma maravilha, mas pagamos, às vezes, tributos muito caros pela falta desse tipo de cuidado, de prevenção. Muito obrigado.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Muito obrigado. O aparte de V. Exa. só honrou e qualificou a minha intervenção. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Temos na Pauta, do dia de hoje, um Projeto do Ver. Eliseu Sabino que estende os benefícios da passagem escolar no sistema de transporte coletivo do Município.

Sem entrar no mérito do Projeto, certamente as categorias todas que pleiteiam esse tipo de benefício fazem pleitos justos, legítimos, especialmente na conjuntura em que vivemos. Uma reflexão que se impõe, quando se apresenta este tipo de projeto, não é este o único, cada Vereador ao apresentar este Projeto o faz de um ponto de vista, de uma perspectiva particular. À medida que vários Vereadores apresentam Projetos de Lei como este - justo, sem dúvida, legítimo, sem dúvida -, se cria um problema. Se todos estes Projetos forem aprovados, e se aprova um tem que aprovar os demais, nós vamos ter que, urgentemente, pensar em outras fontes de financiamento de transporte coletivo. Não é mais possível. Aqueles poucos que não ganham este tipo de benefício ou de isenção, que não é o caso deste Projeto, não vão ter condições de arcar com o custo do transporte coletivo. E o problema de todos estes Projetos, todos os pleitos, é que são justos, são legítimos. E isso gera, por óbvio e por uma questão de isonomia e justiça nesta Casa, um efeito cascata. A aprovação de um projeto legitima a aprovação de outros tantos e, aí, nós temos um problema criado no transporte coletivo. Nós vamos ter que discutir fontes alternativas.

Só que esta Casa, quando analisou um projeto de fontes alternativas, de financiamento, que foi a taxa de transporte coletivo, duas vezes apresentada a esta Casa, foi duas vezes rejeitada. Então, ao mesmo tempo em que rejeitam a taxa de transporte coletivo, fazem um projeto isentando e onerando ainda mais aqueles que ficam pagando o transporte. É um problema que se cria.

O outro Projeto que eu quero comentar é do Ver. João Bosco Vaz. Aliás, o Ver. João Bosco está numa fase de grande produtividade legislativa: quatro projetos estão tramitando.

O primeiro Projeto regula o uso das bicicletas nos parques e praças, que eu, inclusive, já me manifestei desta tribuna: sou amplamente favorável.

O segundo Projeto concede verbas orçamentarias a UAMPA, que eu também já me manifestei radicalmente contra.

O terceiro Projeto é o das cercas eletrônicas, que eu prefiro ter cautela e analisar o assunto com mais cuidado, porque é um assunto complexo. O Ver. Cyro Martini, que é da nossa Bancada, é um Vereador “expert” neste assunto, e já se manifestou desta tribuna.

E o Projeto que eu pretendo fazer um breve comentário, é o Projeto que está na Pauta, no dia de hoje, que obriga as casas noturnas, locais de espetáculos, bingos e estabelecimentos similares, com capacidade para mais de cinqüenta pessoas, a instalar equipamento de sensor de metais. Tenho uma grande simpatia por esse Projeto. Penso que é um projeto que, realmente, merece, salvo melhor juízo de especialistas da Casa, a nossa aprovação, porque sabemos que nesses espetáculos, o número de pessoas que entram armadas, especialmente em espetáculos onde circulam bebidas alcoólicas, colocando em risco a segurança dos freqüentadores. Alguns, casos, inclusive, não só dos freqüentadores do espetáculo em si, mas, por exemplo, todos que passam em frente às saídas de boates, em determinadas horas, em determinadas vias da nossa Cidade, correm o risco de sofrer os efeitos de uma bala perdida, porque não há nenhum tipo de equipamento de controle. Em um momento em que se está falando, justamente, em desarmamento, essa é uma questão pertinente. É um projeto que eu, em princípio, vou apoiar e votar favoravelmente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. José Valdir, que me antecedeu, ao qual agradeço, já fez a defesa deste projeto simples que apresento a esta Casa, mas que tem a intenção de contribuir para a diminuição da violência, para desarmar, não só as pessoas, mas também os espíritos daquelas pessoas que freqüentam a noite de Porto Alegre. São bares, boates, bingos, casas noturnas, que não têm nenhum controle sobre quem entra e quem não entra armando nesses estabelecimentos. As pessoas entram com faca, canivete, revólver, podem até levar uma espingarda. Não há nenhum tipo de controle. A bebida não combina com nada, e muito menos com quem está armado. Assim, quase sempre, existe uma tragédia.

Já falei desta tribuna que pesquisas apontam que 90% das mortes são oriundas das armas de fogo.

 

O Sr. Cyro Martini: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero fazer dois registros: o primeiro, quero aplaudi-lo, porque V. Exa. demonstra preocupação com a segurança pública e assim procede no sentido de ir ao encontro da população, que está extremamente preocupada com a violência e com a criminalidade. Percebemos que hoje isso deve receber uma atenção toda especial e não estamos vendo a atenção para essa preocupação. E, o segundo, quando V. Exa. fala em arma de fogo, eu me lembro dos policiais e me lembro o quão aturdidos, quão inquietos eles se encontram devido às medidas tomadas por parte da Secretaria de Segurança, que acredito que tenha até revisado a sua posição, dada a repercussão negativa dentro da área policial e, também, da população em geral que está vendo o policial ser desarmado, enquanto que o marginal anda por aí tranqüilo. Assim, parabenizo V. Exa. por essas duas preocupações com relação à sorte da nossa Segurança Pública. Muito obrigado.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Muito obrigado, Ver. Cyro Martini, que colabora com este debate. Então, este é um Projeto simples onde as casas noturnas, os bingos, as boates terão que se adaptar colocando detectores de metais para evitar que as pessoas entrem armadas nesses recintos. Poderão ser detectores de metais manuais, fixos, mas que darão mais tranqüilidade aos usuários da noite de Porto Alegre e também aos proprietários dessas casas que saberão identificar as pessoas que estão freqüentando este recinto.

Outro Projeto, que também visa à segurança, de autoria deste Vereador, que dispõe sobre a instalação de cercas eletrônicas de proteção no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

Na verdade, parte da população já está instalando estas cercas eletrônicas, só que no Município de Porto Alegre não existe uma legislação para que estas instalações aconteçam. Mantive contato com várias empresas que fazem este serviço e soube que elas se baseiam numa legislação americana. Então este Vereador nada mais está fazendo do que regulamentando com este Projeto a instalação destas cercas eletrônicas. São cercas com voltagem, Ver. José Valdir, sem amperagem, não matam, mas assustam. É uma forma de tentar inibir, pois as pessoas hoje estão em suas casas presas - com grades, com alarmes, com cachorros - e os marginais não estão respeitando. Então vamos adicionar a todos estes cuidados, para maior segurança da população, estas cercas eletrônicas. Este Projeto, Ver. José Valdir, apenas regulamenta o que já está acontecendo em Porto Alegre, e o que as pessoas estão buscando para ter tranqüilidade em suas casas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra. Ausente. A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, porto-alegrenses que acompanham o nosso trabalho nesta tarde. Quero, nesta oportunidade, iniciar nesta Casa a discussão de um projeto que talvez seja um projeto que venha a gerar uma série de polêmicas e talvez uma incompreensão neste momento inicial da sua apresentação. É um projeto de minha autoria que autoriza o Poder Executivo Municipal a realizar convênios necessários ao recebimento de pessoas perseguidas pelo pensamento e refugiados. Já tive a oportunidade de conversar com alguns Vereadores sobre o conteúdo desta iniciativa. Nós não temos, com este Projeto, o intento de criar uma polêmica sobre a responsabilidade institucional sobre o tema. Nós queremos, na verdade, construir uma possibilidade para que, através de uma decisão pioneira, Porto Alegre possa se constituir como uma Cidade refúgio, uma Cidade solidária do ponto de vista institucional, para as pessoas refugiadas ou perseguidas pelo pensamento. Evidentemente que a definição de um espaço em nível municipal que venha trabalhar a questão do abrigo em nível internacional em um país como o nosso, onde há miséria, desemprego, subemprego, excluídos num número tão significativo, possa fazer alguns pensarem que não seria justo, portanto, a definição deste caráter institucional do município do ponto de vista do acolhimento.

Porém, é preciso que nós saiamos do discurso da solidariedade teórica para a construção de políticas públicas que venham, de uma forma efetiva, garantir a ampliação dos direitos dos cidadãos. Este Projeto que, na verdade, eu quero colocar no marco da discussão de uma solidariedade sem fronteiras, não pretende fazer com que Porto Alegre venha a acolher milhares de pessoas que sejam refugiadas de guerra. O que eu quero, na verdade, é que Porto Alegre possa se transformar em um espaço de referência política, em um espaço de referência ideológica, de uma concepção de solidariedade em um momento da história da humanidade, em que para 245 pessoas uma é sempre refugiada.

Eu acho que os recentes conflitos nos Balcãs, a expulsão de milhares de cidadãos, homens e crianças iugoslavos, que chegou a quase um milhão de pessoas na Europa, mostra de uma forma extremamente clara que todos nós, qualquer um de nós que estamos aqui neste Parlamento hoje, ou qualquer cidadão desta Cidade, infelizmente, pode-se transformar em refugiado.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Trata-se talvez de um dos projetos mais pungentes, pela dor do exílio das pessoas, e mais do que isso, pela humanização e, principalmente, não só pelos conflitos que nós sabemos, mas de outros, que não foram declarados, em que a pessoa sofre perseguição pelo que pensa. Meus parabéns! Muito obrigado.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Obrigada, Vereador. O Município de Passo Fundo, ao lado de dezesseis municípios do mundo inteiro, constituiu-se numa cidade-refúgio para pessoas perseguidas pelo que pensam, pessoas perseguidas pela expressão da sua vontade política. O nosso Projeto é muito mais ambicioso e audacioso, porque procurará não apenas acolher as pessoas perseguidas pelo pensamento, mas também as pessoas refugiadas, aquelas pessoas que são obrigadas a abandonar a casa, a cidade e o país por um conflito do qual muitas vezes sequer fazem parte. O Brasil é um País com a legislação mais avançada do mundo na área dos refugiados, mas é uma legislação extremamente recente, que precisa ter respaldo em medidas concretas em nível dos municípios.

Espero que Porto Alegre abra um espaço no Brasil para esse debate e para a concretização de políticas públicas efetivas no acolhimento de refugiados de outros países. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerramos o período da discussão de Pauta.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Durante alguns dias, e mais especificamente hoje, tivemos a oportunidade de conversar com inúmeros taxistas da nossa Cidade. Esta discussão com a categoria foi fruto mais em função de uma solicitação dos taxistas para que fizéssemos uma alteração na Lei que dispõe sobre a Área Azul. Na Área Azul só podem estacionar veículos particulares. Ao táxi não é permitido o estacionamento na Área Azul. Então, entramos com um projeto alterando a lei, permitindo que os táxis possam estacionar na Área Azul. É lógico, vão pagar, como os demais veículos.

Ao longo desta discussão com os taxistas, eles nos trouxeram uma preocupação que gostaríamos que a Bancada Governista nos desse algum esclarecimento, porque, realmente, nos causou surpresa. A Empresa Pública de Transporte e Circulação, EPTC, pela qual temos o maior respeito, e identificamos, na pessoa do seu Presidente, o Sr. Mauri Cruz, alguém que tem prestado, ao longo destes meses à testa desta empresa, um brilhante trabalho.

Mas o questionamento que os taxistas nos fizeram é relativo ao sorteio público para pontos fixos em nossa Cidade, mais especificamente para três pontos fixos: no Bourbon Ipiranga, com trinta e cinco vagas e sete suplentes; no Big Shopping Cristal, com trinta e cinco vagas e sete suplentes; e na Justiça Federal, com quinze vagas e três suplentes, num total de oitenta e cinco vagas para três pontos fixos em nossa Cidade. E as inscrições para esse sorteio devem ser feitas do dia 14 - ou seja, já está em pleno andamento - até a próxima sexta-feira, dia 18. O que os permissionários estão estranhando, é que a EPTC está cobrando uma taxa de R$ 48,64. Gostaríamos de saber por que está sendo cobrado este valor, já que, para um concurso público do Município, e temos aqui, por exemplo, “Concurso Público de Motorista”, publicado no Diário Oficial de Porto Alegre no dia 1º de junho, cujo período de inscrição é do dia 1º de junho até o dia 18 de junho, as pessoas, para habilitarem-se a esse concurso, pagam R$ 10,20. O Diário Oficial do Município do dia 07 de junho tem, também, “Concurso Público para Operador de Máquinas”. As inscrições estão abertas até o dia 25 de junho. As pessoas, para habilitarem-se a esse concurso, pagam R$ 9,30. Nós sabemos que um concurso público demanda inúmeros gastos, como contratação de uma equipe para elaborar as provas, reprografia das provas, e locais para a realização do concurso. Esse sorteio que a EPTC vai realizar no “Tesourinha” não tem gastos. E nos próprios pontos fixos está previsto - nós concordamos com isso - que as despesas ordinárias e extraordinárias dos pontos fixos serão de total responsabilidade dos permissionários. Então, nós só gostaríamos de saber o porquê de uma taxa tão elevada, de R$ 48,60, o que está impedindo inúmeros permissionários de participar e ter o seu ponto fixo. Muitos deles disseram que esse valor corresponde, praticamente, a dois dias de trabalho.

O que estamos solicitando é que a EPTC esclareça o porquê desse valor para a inscrição, que termina sexta-feira, infelizmente. Temos a certeza de que se fosse outro valor, ou gratuitamente, grande número - aproximadamente um mil e quinhentos permissionários - concorreria a esses pontos fixos na Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. No discurso é fácil ludibriar, dizia o Ver. José Valdir alguns minutos atrás, aqui da tribuna. Eu concordo, Ver. José Valdir, basta examinar a situação do Governo do Estado em relação aos funcionários públicos. E observe como é fácil ludibriar no discurso, que a Administração Pública do Estado tentou um discurso, que não colou, por obviedade da impossibilidade da defesa, e teve que construir rapidamente um outro discurso para justificar esses descontos propostos na base do cálculo do salário a partir de gratificações do Estado.

Eu quero deixar bem claro, em primeiro lugar, que do ponto de vista estritamente legal e, muito provavelmente, do ponto de vista de mérito, da correção de distorções, o Governo do Estado tem absoluta razão no que está fazendo. Agora, o gozado é que o mesmo grupo do Governo do Estado, aqui do Rio Grande do Sul, na Câmara Federal votou contra o Projeto, porque ele vinha do Governo Fernando Henrique. Aí, quando vinha do Governo Fernando Henrique, ele era péssimo e o PT votou contra. Quando o PT o faz e aplica no Estado, ele se torna bom. Agora, no discurso, como houve uma reação contrária da opinião pública, a primeira tentativa de defesa é aquela já viciada, que nós assistimos ao longo de toda a tarde de hoje: “Tudo é culpa do Governo Fernando Henrique e, de preferência, também do Governo Britto”. Então a culpa de aplicar essas prerrogativas do Governo do Estado, era culpa do Governo Fernando Henrique e do Congresso, com a maioria do PPB, PMDB, PFL, PTB e, obviamente, do PSDB. Como não colou, porque nem os deputados do PT sabiam direito do que se tratava, basta ver o belo discurso da Deputada Luciana Genro que, pelo menos, é coerente nas suas colocações, o PT teve que ensaiar outro discurso. Aí, ensaiou rapidamente o discurso da correção das distorções. Aí, acertou um pouco mais no discurso, só errou foi no tamanho da correção. Está corrigindo demais!

Eu ainda não ouvi várias daquelas entidades, do tipo SINTEL, que o Ver. Guilherme Barbosa tão bem conhece, que foi uma das vanguardas contra o Governo Britto, se pronunciarem a respeito disto!

Eu ainda não ouvi o CPERS, que, casualmente, a Profa. Márcia deve ter ficado tão ocupada na tarde de ontem, fazendo campanha para a próxima eleição, que não conseguiu ler o Projeto e dar a sua opinião. Eu não consegui ouvir outras entidades que, ao longo dos últimos quatro anos, foram sempre tão eficientes na crítica ao Governo Britto. Eles ainda não tiveram tempo para ler o Projeto e se pronunciar! O gozado é que este Governo, que gosta tanto de falar de transparência, de respeito, exatamente de seriedade, não teve tempo de consultar nem os seus deputados, o que dirão os demais aliados do PDT!

E hoje de manhã era constrangedora a entrevista do Deputado Vieira da Cunha, sem saber exatamente o que dizer. Também não teve tempo de ler direito o Projeto.

Não ouvi a Deputada Jussara Cony, mas estou muito curioso para ouvi-la, sempre tão eficiente na condenação do Governador Antônio Britto.

E, agora, vejam o terceiro enfoque do discurso: “Nós vamos tirar de todo mundo, que é para não botar na rua ninguém”. Eu fico pensando: o Governador Britto, que foi tão atacado ao longo de quatro anos, nunca tirou de ninguém e nunca botou ninguém na rua. Não deu todos os aumentos necessários e esperados; fez um projeto de autodemissão, o que é outra coisa; e já sofreu uma campanha de difamação fantástica ao longo de quatro anos, todos os sindicatos mobilizados contra o Governo Britto. Eu ficava imaginando a situação inversa: o que faria a Bancada do PT, hoje, na Assembléia, se este Projeto não estivesse assinado pelo Governador Olívio Dutra, mas estivesse assinado pelo Governador Antônio Britto. Por sorte, a Bancada do PSDB, através do Dep. Adilson Troca, tinha registrado um Projeto no dia 25 de março do corrente ano, antevendo, quem sabe. O Projeto tem só um artigo: “Os direitos e vantagens concedidos aos servidores públicos estaduais ilegalmente incorporados ao seu patrimônio funcional, somente poderão ser retirados através de decisão judicial”. Este Projeto será votado terça-feira e, certamente, aprovado, e o Governo vai ter que ter um pouquinho mais de respeito pelo funcionários, que diz defender, e pela Assembléia Legislativa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em homenagem ao meu amigo, nobre Ver. José Valdir, que reclamou desta tribuna das minhas considerações sobre o funcionalismo estadual, eu vou usar o “Mein Kampf”, ou seja, o Desafio da Mudança, escrito a várias mãos: Olívio Dutra, Arno Augustin, João Verle, Jorge Santos Buchabqui, Maria Luiza Jaeger, Teresa Campelo, entre outros. Dizem eles - e eu não tenho por que duvidar - que nos últimos vinte anos, os três anos em que a Prefeitura teve menos recursos foram 83, 84 e 85: uma média de 116 milhões de dólares no orçamento da Administração Centralizada. A atual administração tem no orçamento da Administração Centralizada quase 500 milhões de dólares. Para 116 milhões de dólares, dá uma pequena diferença!

No meu último ano de governo, a inflação foi de 235% e a reposição salarial foi de 301%. Agora, a Administração da Prefeitura - e eu tenho reclamado reiteradas vezes aqui - usa muito mal o dinheiro do povo de Porto Alegre! A carta-contrato, por exemplo, é algo de excepcional, porque contrata auxiliares de enfermagem para fazer o acompanhamento dos problemas de AIDS e de tuberculose na Cidade. Mas, 120 dias depois, tem que dispensá-los e aí contratar outros profissionais. É um desperdício do dinheiro da Cidade! Mas o “Mein Kampf”, o Desafio da Mudança, me informa aqui que a média de servidores era de 14 por mil habitantes em 1985. Em 1992, de 18 servidores por mil habitantes, e hoje é de 20 servidores por mil habitantes. Mas nós temos que considerar muito mais coisas que não aparecem aí, e que eu gostaria que a transparência, tão solicitada, tão propalada pela Administração prefeitural, fosse uma realidade.

Eu mostrei antes aqui lei de minha autoria que determinava que até o 25º dia após a alteração bimestral do salário, fossem explicitados todos os dados. Nunca foi feito isso. Explicou, um dia, a Prefeitura, que não havia mais necessidade, porque mudou o índice do DIEESE para IGPM.

A Lei Camata diz que mensalmente, até o mês, deve ser dado conhecimento à Câmara Municipal no caso do Município e aos sindicatos, para que se saiba o que está ocorrendo com o dinheiro do povo de Porto Alegre.

A Prefeitura tem uma certa dificuldade de parlamentar com os seus servidores e com os Vereadores.

Em maio de 1991 a Prefeitura fez greve. Seis Líderes de Bancada fizeram um documento e pediram audiência a S. Exa. o Sr. Prefeito Olívio Dutra, e até hoje estão esperando. Na oportunidade, entreguei pessoalmente um ofício ao Sr. Prefeito, dizendo que tínhamos o desejo de ajudar. Em maio de 1995, este Vereador pediu ao Prefeito Tarso Genro uma audiência para que, acompanhado do SIMPA e do SINDICÂMARA, pudesse debater os problemas dos municipários. O Prefeito saiu e não me deu audiência. E eu encerro, Sr. Presidente, mesmo não tendo recebido a audiência, dizendo saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, uso o tempo de Liderança do meu Partido, PMDB, para falar do tema que ocupou a preocupação da grande maioria dos trabalhadores funcionários públicos do nosso Estado.

Essa decisão tomada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul em suspender por trinta dias a apresentação das medidas dos cortes dos salários dos funcionários públicos do Estado, na verdade, é o resultado de uma posição da sociedade gaúcha, do parlamento e de uma posição extremamente atenta que repudiou, de uma forma bastante unitária, essa decisão antiética, sem transparência, ilegal, que atingia 39 mil trabalhadores.

A surpresa da sociedade foi, aos poucos, sendo substituída pela indignação. Com poucos meses de Governo que, no seu discurso eleitoral, prometia para o Estado que as discussões sobre salário seriam tomadas nas reuniões participativas, foram feitas na calada da noite, assustando e indignando o conjunto da nossa sociedade.

Foram impressionantes algumas tentativas de justificar esse achatamento salarial, essa redução do poder aquisitivo dos trabalhadores funcionários públicos, feitas por alguns parlamentares.

Eu acredito que também foi extremamente importante ver a correção de postura de outros.

Chamou-me a atenção, por exemplo, as intervenções do Dep. João Luiz Vargas e até da própria Deputada Luciana Genro, que assumiu o caráter neoliberal dessa medida. Considero importante a discussão sobre esse tema, porque essa marca de ilegalidade do Governo do Estado não é uma ação isolada das demais ações do Governo nesses últimos meses: o não-respeito à decisão legal da Assembléia Legislativa com relação à implantação da Ford, a tentativa de punição dos Deputados que votaram a favor do aumento do Judiciário e, agora, a decisão, sem base legal, de redução dos salários.

É importantíssima a discussão, no parlamento porto-alegrense, sobre esse tema, porque grande parte dos professores, dos funcionários da Brigada, dos funcionários da área da segurança, dos aposentados, dos pensionistas do IPE, que estarão sendo atingidos por essa medida, caso ela seja reapresentada, são porto-alegrenses e têm procurado os seus representantes no parlamento, assim como têm procurado um espaço na mídia para falar da sua indignação e, inclusive, da sua surpresa diante, não apenas da medida econômica, mas da medida antidemocrática.

Evidentemente, alguns Vereadores poderão contra-arrestar essa intervenção tentando falar da crise econômica nacional, dos governos passados, porém isso não tira, de forma nenhuma, o significado de uma política extremamente contraditória com o discurso que foi feito, e com a decisão de uma política que pune os funcionários porque não foi capaz de construir alternativas de desenvolvimento, nem sequer de manter as ações, já em curso, que gerariam empregos. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz Braz para uma Comunicação de Líder pelo PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, lembro que quando o Partido dos Trabalhadores assumiu pela primeira vez a administração do Município, o então Secretário da Fazenda, João Verle, fazia um comentário a respeito dos ganhos dos funcionários públicos municipais. Naquela época se falava da necessidade de se reduzir, ou se conter os aumentos recebidos pelo funcionalismo público municipal.

Esses comentários foram feitos até chegar um dia em que o jornal Zero Hora divulgou a lista de marajás do Estado, e nesta lista de marajás do Estado, num dos primeiros lugares, quem estava? O ex-Secretário da Fazenda do Município, Dr. João Verle que era um dos marajás do Tribunal de Contas do Estado.

Ora, depois disso, comentários sobre marajás vinculados à Administração Pública do Município cessaram. Ninguém mais falou em marajás dentro do Município. Realmente, temos um Município onde é muito difícil se falar em marajás.

Agora, no Estado, o Partido dos Trabalhadores acaba de assumir a administração em nível estadual e uma das primeiras coisas que ouço falar é que precisa se combater os salários dos funcionários públicos estaduais. E se tem uma medida prática para se combater o aumento dos funcionários públicos estaduais. A preocupação é o salário do funcionalismo público.

Agora, só peço para que aqueles que estão falando em marajás, ligados à Administração Pública do Estado, aqueles que são do Partido dos Trabalhadores, que são ligados à Administração Pública do Estado do Rio Grande do Sul, quando forem falar dos altos ganhos dos marajás, eu peço que voltem os olhos para dentro de suas próprias fileiras; que vejam aqueles que estão dentro do seu próprio partido e que fazem parte dessa casta de marajás que, falsamente, é combatida pelo Partido dos Trabalhadores.

Na verdade, o que o Partido dos Trabalhadores quer é beneficiar os seus. Enche a Administração Pública com cargos de confiança, pagando altos salários, como foi denunciado várias vezes, inclusive na Administração Pública Municipal, pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, fato que está noticiado no Diário Oficial do nosso Município.

E lá no Estado começa a acontecer a mesmíssima coisa. Os cargos de confiança, que são ligados ao PT, acabam ganhando o grosso do salário, enquanto os funcionários públicos municipais, a grande maioria deles, encontra-se em situação difícil, basta que vejamos os professores.

A grande maioria dos funcionários públicos estaduais, que passam por momentos difíceis, essa sim será prejudicada para que os militantes do PT possam continuar a receber os seus altos salários, pagos com o dinheiro público.

É preciso que acabe essa baderna instalada dentro do Orçamento do Município, que passa agora para o Orçamento do Estado, que faz com apenas os do PT sejam os grandes beneficiados. Precisamos denunciar para acabar com isso.

Sobre os marajás do Município ninguém mais tem coragem de falar, porque descobriram os marajás dentro do seu próprio Partido. Agora, lá no Estado também começaram a falar em marajás, mas eu acredito que não terão coragem de levar essa lorota por muito tempo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver Luiz Braz, depois que começou a ler os discursos, parece que perdeu não só a capacidade de oratória, como a sua capacidade de fazer melhores intervenções. Ver. Luiz Braz, o final de sua intervenção foi um dos piores momentos que já vi aqui nesta Casa. Vossa Excelência, quando não lia os discursos, fazia melhores intervenções, e desaprendeu.

Eu acho que se coloca aqui uma questão importante e, pela responsabilidade que temos nesta etapa da vida da Nação, precisamos contextualizar o que está acontecendo em nosso País, que está absolutamente submetido ao modelo neoliberal, que tem duas características principais. A primeira: retirar o direito dos trabalhadores; a segunda: destruir os parques industriais.

O Ver. Pedro Américo Leal tem discutido essa questão: abriram as fronteiras dos países para que as potências possam colocar aqui os seus produtos e, com isso, há um grande nível de desemprego e de recessão. O FMI desceu aqui, há pouco tempo, e o George Soros, que veio um pouco antes, colocou seu capanga na chefia do Banco Central, para dar a determinação ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, para que fossem cortadas uma série de verbas destinadas à área social, como saúde e educação, mas que os recursos destinados ao pagamento dos nossos especuladores tinham que ser mantidos.

Esse Governo, Ver. Fernando Záchia, que comanda a nossa Nação, está fazendo uma Reforma Administrativa, e não é possível que os Srs. Vereadores, que representam o Fernando Henrique Cardoso, nesta Casa, venham cobrar o cumprimento de alguns dispositivos do Governo do Estado, dispositivos esses que emanam de uma Constituição, alterada indevidamente pelo Congresso Nacional, que não tem competência ordinária para fazer as alterações que está fazendo, retirando o direito dos trabalhadores.

Mas o Congresso, inconstitucionalmente, o fez! A Reforma Administrativa que está aí é defendida pelo PSDB, PMDB, PTB e pelo PFL. Todos os Vereadores e bacharéis sabem que essa Reforma Administrativa é constitucional ou colocada na Constituição; ela retira o direito dos trabalhadores. E qual é o Vereador que não sabe que existe o princípio da simetria, que obriga que os estados e municípios venham cumprir essa infame e infeliz Reforma Administrativa, comandada pelo Governo Federal.

Vem aqui o Ver. Antonio Hohlfeldt, autor de uma monografia sobre Processo Legislativo, dizer que seus deputados estão na Assembléia Legislativa a propor que não seja retirado o direito dos trabalhadores. Eu nunca vi tanta demagogia! Eu nunca vi tanta irresponsabilidade! O Governo Federal que está aí retira recurso da Saúde, da Educação, retira o direito dos trabalhadores, submete-se ao FMI, ao Banco Mundial, e determina à União, aos Estados e aos Municípios que retirem os direitos dos trabalhadores, e agora, quando os Estados, infelizmente, obrigam-se, depauperados que estão com a Lei Kandir, com os FEFs da vida que retiram o dinheiro os recursos da área social.

Agora os deputados do PSDB, da Assembléia Legislativa, vem dizer que não podem tirar dinheiro dos trabalhadores. Quanta desfaçatez! Quanta irresponsabilidade! Será que não têm vergonha de dar esse discurso aqui! Quem é que está entregando este País? Quem é que está de cócoras ao FMI e ao Banco Mundial. E agora vem com esse discurso.

O Governo do Estado, quando diz que não pode incidir as gratificações trienais, qüinqüenais relativas às incorporações de função gratificada, está cumprindo uma determinação da Reforma Administrativa do PSDB, do PTB, Ver. Luiz Braz. Mas nós, aqui em Porto Alegre, apesar dessas irresponsabilidades, temos o Município equilibrado, um Município que não está endividado, um Município que cumpre com as suas obrigações, apesar desse Governo entreguista do Fernando Henrique Cardoso, do Governo submetido ao FMI, e vêm esses Vereadores dizer isso.

Por favor! Ninguém é tão ignorante para não entender essa demagogia, essa desfaçatez. Chega, não é possível que venhamos escutar isso. A população de Porto Alegre enxerga e vota; e ela vota com a verdade. Ela vota no PT. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. João Dib que é um experiente homem público desta Cidade, com uma grande folha de serviços prestados à comunidade de Porto Alegre, disse-me, na manhã de hoje, que não estava surpreso com os fatos que estão ocorrendo no Estado. Aliás, Ver. Cláudio Sebenelo, nós temos um dever muito importante agora, ou seja, esclarecer à comunidade do Rio Grande do Sul que nós, aqui de Porto Alegre, não estamos nos surpreendendo com o tratamento que o Governo do Estado, sob o comando do Partido dos Trabalhadores, está dando aos funcionários públicos estaduais. Esse Partido não está fazendo outra coisa, senão repetir a dose que faz aqui em Porto Alegre, onde, a pretexto de fazer uma grande política salarial, se encontra nas barras dos tribunais, protelando, por tempo indeterminado, o resgate de dívidas que tem com a categoria dos servidores municipais que vêm, em todas as oportunidades, recebendo decisões favoráveis dos tribunais, e que só não são cumpridas devido a essas medidas protelatórias.

Não tenho a menor dúvida de que essas medidas anunciadas, e que já estão sendo proteladas, tamanho o absurdo que elas contemplam, não resistiriam à menor análise de nossas instituições judiciárias, diante do fato de que estão sendo violentados direitos adquiridos ao longo do tempo e que não podem agora, a qualquer pretexto, serem modificados, sob pena de ocasionar, não só uma injustiça ao servidor do Município, mas, sobretudo, uma ilegalidade, cuja reparação seria exigida.

Já estou um pouco confortado, porque ouvi falar que houve uma decisão para ser adiada a execução dessa malfadada medida para o mês de julho deste ano, retirando a ameaça do desconto imediato, que já seria feito no final deste mês, em uma interpretação equivocada de disposições da Reforma Administrativa que, descriteriosamente, se tentou pôr em prática aqui em Porto Alegre.

Fico muito satisfeito por ouvir vozes de petistas contrários a esse tipo de medida, porque isso é, indiscutivelmente, a negação de todo um discurso que, ao longo de toda a sua vida, o PT produziu em Porto Alegre, no Estado e no País, e que agora não pode ser anulado de uma hora para outra. Há uma necessidade de um mínimo de coerência e de ajustamento do discurso com a prática. E a prática foi violentamente, radicalmente, estupidamente contrária a todo o discurso petista até o presente momento.

Quero cumprimentar aquelas pessoas mais equilibradas do PT, que conseguiram, pelo menos, um adiamento da ida ao cadafalso de todos aqueles quarenta mil funcionários do Estado, não marajás, mas diretoras de escolas, detentores de função gratificada 2, 3 ou 4, funcionários pequenos, Ver. Isaac Ainhorn, com quem V. Exa. e seu Partido se preocupam e se ocupam, e que são os mais violentados.

Eu sei que o Ver. Isaac Ainhorn, que é do PDT, e que tem algum tipo de alcance ao Governo do Estado, vai dizer, em alto e bom tom, que não subscreve essas medidas, porque elas não só dão esse atestado de incoerência política notável, como também, e mais, principalmente, ferem toda uma proposta política que eu acredito que seja autenticamente sustentada por aquelas pessoas que compõem o Governo do Estado. Acredito que em muitas pessoas esse discurso, ainda que muitas vezes utópico, seja realmente, sinceramente expresso.

Por isso quero dizer, nesta tarde, com toda tranqüilidade, que nós devemos ficar muito atentos para que não se cometa essa ilegalidade, essa injustiça e, sobretudo, esse descritério no Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Um Governo que se instalou, dizendo que governaria para os pequenos; pois são pequenos aqueles que sofrem as maiores injustiças.

Existem funcionários que, se levada a cabo essa medida anunciada, terão a redução de mais de 50% dos seus rendimentos, ferindo o direito, legitimamente adquirido, através de uma vida inteira de serviços prestados ao Estado e à comunidade.

Oremos! Vamos ter a expectativa de que o bom senso e a coerência voltem a se instalar no Governo que, infelizmente, está instalado no Rio Grande do Sul, e que o anúncio, que já se adiou, seja esquecido por todos. E que não se cometa essa injustiça com os servidores públicos do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Em votação o Projeto de Decreto Legislativo nº 13/99, que autoriza o Prefeito Municipal a se afastar do País, de 19 a 22 de junho de 1999.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu, pelo menos, recebi uma série de orientações, vindas da Mesa Diretora, da Diretoria Legislativa, dizendo que, se nós não terminássemos a votação do Projeto do Regimento, e nós não terminamos ainda, nós não poderíamos votar nenhum outro projeto. Eu, inclusive, pedi para que fosse votado um Requerimento e me disseram que eu não poderia votar o Requerimento, porque não havia terminado a votação ainda desse Projeto. Hoje pode?

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz, vou-me inteirar do assunto e, imediatamente, lhe responderei.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, não podemos interromper a votação, temos que prosseguir.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento): Na verdade, o Ver. Luiz Braz tem razão. Requeiro que, imediatamente após votarmos as emendas ao nosso Regimento, que já são as últimas, entremos na discussão desse Requerimento e, posteriormente, a alteração na ordem de votação da Ordem do Dia, cuja seqüência é a seguinte: em primeiro lugar, o PR nº 032/97; segundo lugar, solicitação de viagem do Sr. Prefeito; a seguir, PLL nº 181/98; PLL nº 019/99; PLL nº 028/99; Requerimento do Ver. Renato Guimarães de renovação de votação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 14/98 (Proc. nº 2339/98); PLL nº 171/98, após, seguindo a seqüência original.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Guilherme Barbosa, neste momento, suspendo a votação do pedido de licença do Sr. Prefeito.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Esclarecimento): Sr. Presidente, na ausência do Presidente da Casa, eu, como 1º Vice-Presidente, tenho a responsabilidade de assumir a Sessão, e consultado pela Diretoria Legislativa, realmente entendi que a votação da viagem do Prefeito precedia. Mas, conforme alertou o Ver. Luiz Braz, e concordo, ela só precederia, e poderia ser um fato extraordinário para suspender a votação, se a viagem fosse iminente e não pudesse ser votada no outro dia. Quero concordar com o Ver. Luiz Braz, e quem induziu ao erro foi este Vereador, que pede desculpas.

O SR. PRESIDENTE: Até porque nós temos tempo para apreciar a matéria no dia de hoje; portanto, retiro de votação o Projeto de Decreto Legislativo que autoriza o Prefeito a se afastar do País.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que solicita inversão dos Projetos que estão na Ordem do Dia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

VOTAÇÃO

 

(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3176/97 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 032/97, de autoria da Mesa Diretora, que altera o Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. Com Emendas nºs 01 a 15 e Subemenda nº 01 à Emenda nº 06.

 

Parecer:

- da Comissão Especial: Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 15 e Subemenda nº 01 à Emenda nº 06; pela rejeição das Emendas nºs 03 e 14.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 82,§ 1º, II, da LOM;

- votação nos termos do § 4º do art. 126, do Regimento da CMPA;

- as Emendas nºs 03 e 14, com parecer contrário, não serão submetidas à votação (art. 55 do Regimento);

- retiradas as Emendas nºs 16 a 19;

- votados e aprovados o Projeto, as Emendas nºs 01, 02, 04, 05, 06, 07, 09, 10 e a Subemenda nº 01 à Emenda nº 06;

- rejeitada a Emenda nº 08;

- encaminharam a votação da Emenda nº 11 os Vereadores J.Dib (como autor), J.Valdir, E.Guimarães, L.Braz e J.Dib (pela bancada);

- as Emendas nºs 12, 13 e 15 não foram votadas.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Juarez Pinheiro, a Emenda nº 11 aposta ao Projeto de Resolução nº 032/97, de autoria da Mesa Diretora. (Pausa.) (Após a chamada.) REJEITADA por 19 votos NÃO, 5 votos SIM e 2 ABSTENÇÕES.

Em votação a Emenda nº 12 aposta ao Projeto de Resolução nº 32/97. O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, lastimo profundamente a redação que dei à Emenda que está sendo votada neste momento. Na Emenda que propus, eu diria que as substituições por licença médica se fariam desde que, no mínimo, por sete dias o Vereador fosse licenciado. Eu lastimo ter feito isso, eu deveria ter colocado, como tem a Assembléia Legislativa, como tem o Congresso Nacional, talvez não 120 dias, mas, no mínimo, 30 dias.

É estranho o que ocorre neste Plenário, o que custa para o Município de Porto Alegre as vezes em que há licença para tratamento de saúde. São tantas as vezes que, no mesmo dia, nós temos cinco ou seis Vereadores doentes. São tantos os doentes que a Mesa Diretora passou a se preocupar.

Está aqui, no Diário Oficial, a Resolução nº 204, que regula o procedimento do Requerimento e de expedição de atestados médicos por parte de Vereadores ao serviço de ambulatório. Leio:

“A Mesa da Câmara Municipal de Porto Alegre, no exercício de suas atribuições legais, de conformidade com os Artigos 16 e 18, do Regimento deste Legislativo, considerando a necessidade da regulamentação da concessão de atestados médicos pelo serviço de ambulatório aos Vereadores desta Casa, considerando a observância das normas relativas à tal atividade, em especial, ao disposto nos Artigos 302 e 304, do Código Penal e nos artigos 110 a 117,  do Código de Ética Médica,  estabelece:

Art. 1º - O requerimento de atestados médicos por parte de Vereadores junto ao Serviço de Ambulatório deste Poder Legislativo, bem como a expedição dos mesmos, está condicionado ao comparecimento do requerente àquele serviço.

Art. 2º - Na hipótese de impossibilidade de comparecimento do Vereador ao Serviço de Ambulatório deste Poder Legislativo, deverá ser feita comunicação à Presidência da Casa, a qual providenciará o pronto comparecimento do Médico desta Casa ao local onde se encontrar o requerente.

Art. 3º - Essa Resolução da Mesa entra em vigor na data da sua publicação.

Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário.

Terça-feira, 15 de junho de 1999.”

Era muito doente nesta Câmara. Esta Câmara era uma Câmara doente. Espero que agora deixe de ser doente, e cada vez que o doente se licenciava eram dois a quem a Câmara pagava. É por isto que entendi que sete dias seria uma maneira razoável de diminuir as doenças. E por isto lastimo, vendo as coisas acontecerem, que não tenha eu proposto o que está escrito no Regimento da Assembléia, no Regimento do Congresso Nacional. Não cento e vinte dias, mas, talvez, trinta. Estou enxergando - à semelhança do que coloquei na Emenda que anteriormente foi votada - resultado, mas que é uma Câmara doente é uma Câmara doente. Temos que melhorar a saúde dessa gente, Sr. Presidente. É preciso trazer algumas vitaminas. É preciso trazer alguns complexos para combater radicais livres, porque a coisa está séria. Tem muito doente nesta Câmara, e espero que a coisa seja bem recebida: sete dias.

Saúde e paz, mas, sobretudo, muita saúde!

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Gilberto Batista está com a palavra para discutir a Emenda nº 12.

 

(Assume a Presidência o Ver. Nereu D’Ávila.)

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, que assume neste momento Ver. Nereu D’Ávila, Sr. Secretário, Sras. e Srs. Vereadores, este Vereador tem a obrigação de vir a esta tribuna para discutir esta Emenda, de autoria do brilhante, notável, ex-Prefeito desta Cidade, Vereador por muitos mandatos, Ver. João Dib. Esta Emenda trata da convocação de suplentes nas hipóteses previstas nos incisos l e VII do artigo 218 do Regimento da Casa, que se dá apenas quando a licença for no prazo superior a sete dias. Eu acredito, Ver. João Dib, que seja licença de saúde e também a licença particular, para assuntos particulares, porque aqui não fala, realmente, qual a situação dessa licença.

A minha vinda nesta tribuna é porque por dois anos aqui nesta Casa tive o prazer, o privilégio e o orgulho, posso dizer assim, de ser o primeiro suplente da Bancada “União por Porto Alegre”, que na eleição de 1996 elegeu quatro Vereadores, e tive a grata surpresa de ser o primeiro suplente dessa coligação. E por diversas vezes pude aqui nesta tribuna defender projetos de minha autoria, discutir assuntos da minha comunidade, discutir assuntos do Estado, discutir assuntos da cidade de Porto Alegre, porque existia um entendimento nessa coligação para dar a possibilidade de o primeiro suplente assumir e desenvolver o trabalho neste Plenário e nesta Casa. E isso trouxe a possibilidade de uma certa experiência para este Vereador nestes dois anos de suplência. Aqui aprendi a discutir os projetos, a fazer os encaminhamentos, a fazer os pedidos de informações, enfim, todo os trâmites da Casa, pude conhecer em dois anos. É bem verdade que não conheço tudo, ainda, mas tive a satisfação de, por dois anos aqui nesta Casa, ter uma experiência que está me ajudando, agora, como Ver. titular, a tocar o meu mandato até o ano 2000, fazendo com que aquela experiência que adquiri, seja alocada para o restante do meu mandato.

Eu encaminho pessoalmente, porque o Ver. Reginaldo Pujol não está neste momento na Casa, mas no meu entendimento, no meu encaminhamento eu sou contrário a esta Emenda. Muitos aqui nesta Casa, foram suplentes, muitos ainda, por uma questão de cargos, de serem Secretários de Estado, Secretários Municipais são, ainda, suplentes e temos de levar em consideração, diversos nomes aqui, que não vou citar, que foram suplentes e hoje são titulares, e ainda são suplentes. Eu não concordo que essa licença seja de sete dias. Diz o nosso Regimento que temos que ter trinta e três Vereadores, nesta Casa. E eu não entendo, se uma licença for por três dias, de saúde, dois dias, um dia, o Vereador não vai poder assumir? A Casa vai ficar com trinta e dois Vereadores? Por isso, eu sou contrário a essa Emenda e, não concordo, porque, às vezes, o Vereador precisa tirar uma licença de tratamento de interesse, por um ou dois dias, e está lá o seu suplente sendo convocado para que ele possa representar a sua Bancada e ter a titularidade que a Câmara exige que é de trinta e três Vereadores.

Então não sou favorável a esta Emenda! Apelo aos nobres Pares, porque precisamos derrubar esta Emenda que vem, realmente, na contramão. Aquelas pessoas que já foram suplentes sabem como é ser suplente e sabem da importância do momento de um, dois, ou três dias, quando assume esta Casa para tocarem os seus projetos, falar sobre Porto Alegre, o assunto da sua comunidade. O Vereador suplente sabe o quanto é importante quando assume por um dia ou dois.

Então, sou contrário a essa Emenda e peço aos colegas que votem contra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para encaminhar a Emenda n.º 12.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo. Sr. Presidente, e Srs. Vereadores, eu, praticamente, hoje, solicitaria uma licença, por quê? Porque eu estou doente! Mas estou aqui porque há a Ordem do Dia e eu fiz questão de encaminhar a Emenda do meu colega Ver. João Dib, porque eu acho ela muito providencial. Não sei por que não fiz esta Emenda, porque na verdade V. Exas. hão de convir, não é possível se substituir um Vereador por horas. A Mesa deve ter um trabalho ciclópico, um cuidado filigranático para poder assistir a todas as mudanças que se dão aqui.

Agora, o que se pode esperar do suplente? Que ele pleiteie que este estado de coisas continue. É evidente que os partidos grandes como o PT, que fazem uma substituição praticamente de horas, enrijeçam na sua posição, e peçam que ela continue. Eu não tenho absolutamente nada a opor, mas eu peço a V. Exa. o bom senso. Não vamos aqui legislar apenas por conveniências, por amizades. Vamos legislar para a Câmara Municipal, uma Câmara que muda de cara a todo instante. V. Exas. praticamente não sabem quem chegou. O Vereador veio para votar, é useiro e vezeiro; os partidos modificam a sua composição, o seu elenco, a sua equipe para fazer a votação de determinada matéria, porque é interesse do Vereador. Não está certo!

O Ver. João Dib colocou sete dias para substituições, quando elas forem por interesse particular ou por doença. Acho que o Ver. João Dib tem razão. V. Exas. têm que convir de que isso tem que terminar. Nós mudamos a fisionomia da Casa a todo o momento! Não sabemos quem chegou. Pergunto a V. Exas.: está certo isso? Não, não está certo. Agora, é conveniência de certos Vereadores que ficam pululando por aí, substituindo a todo o momento os seus colegas, ao bel-prazer de projetos pelos quais eles se interessem ou de grupos sociais que apresentaram interesse nesse projeto. Não é possível! Nós temos que acabar com isso!

Eu não sei qual é o desfecho desta Emenda do Ver. João Dib, e também não estou hoje em condições de falar, mas quero deixar aqui consignado de que o Ver. João Dib deu um passo à frente, para parar esta verdadeira dança, esta verdadeira gincana de Vereadores e dar a esta Câmara uma fisionomia concreta, de acordo com o que nós pretendemos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu discuto a Emenda do nobre Ver. João Dib, porque discordo da Emenda. Discordo, porque não é possível nivelar o comportamento de todos, até porque a Mesa Diretora desta Casa teve a cautela e tomou uma decisão de que, para haver uma licença médica, deve haver a constatação da impossibilidade do comparecimento, por parte de um médico, evidentemente, qualificado para tal, dando um atestado.

Nesta Casa, há um rigor, eventualmente houve problemas e poderá haver problemas, Ver. João Dib, mas a Mesa Diretora da Casa está tomando todas as precauções e medidas concretas para que o Parlamento da cidade de Porto Alegre seja exemplar. Diferentemente do que são os Parlamentos em outras cidades importantes deste País, como, por exemplo, a Câmara Municipal da cidade de São Paulo, essa sim, Ver. João Dib, envergonha a nossa Pátria. E não é só a Câmara Municipal de São Paulo, há outros inúmeros exemplos, infelizmente. Mas, não há nenhuma razão para que não se mantenha o atual Regimento. Se houver fiscalização, se há critérios não há por que mudar, Ver. João Dib. V. Exa. inclusive falou, insinuou os graves problemas que haveria aqui nesta Casa. Se V. Exa. mantiver a sua posição, deve ser rigoroso.

V. Exa. esteve na reunião em que discutimos e conjuntamente decidimos, tem a minha assinatura, porque até hoje só tirei uma licença médica, por necessidade imperiosa, porque existia, de fato, um problema de saúde. Já tirei licença para tratamento de interesse pessoal, e a comunidade de Porto Alegre deve saber, não é pago para o Vereador que tira licença para tratamento de interesse pessoal. Portanto, não há duplicidade de pagamento, não há exorbitância de gasto, inclusive a licença é votada aqui. Os Vereadores que discordarem, devem votar, devem se posicionar.

Portanto, voto contra a Emenda, porque aqui há critérios. A Mesa está acompanhando esta questão, não apenas dos Vereadores, mas dos funcionários. Aqui, nenhum funcionário poderá tirar mais atestado por telefone, como acontece em qualquer outro lugar desse País, infelizmente. Aqui nós mudamos, aqui tem uma Direção, aqui tem uma Mesa que fiscaliza. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está inscrito também o Ver. Isaac Ainhorn. Só que antes do Ver. Isaac Ainhorn, estão inscritos os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Maristela Maffei e Luiz Braz. O Ver. Antonio Hohlfeldt é o próximo Vereador, mas está declinando de usar a tribuna. Então a Vera. Maristela Maffei está com a palavra...

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, estamos nos encaminhamentos. Como o Ver. Adeli Sell encaminhou pela Bancada do PT, a Vera. Maristela Maffei já não poderá mais encaminhar.

 

O SR. PRESIDENTE: Sim, o autor é o Ver. João Dib, ele somente pode encaminhar duas vezes. Ver. Antonio Hohlfeldt. Desiste. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Ver. João Dib, pediria só um minuto da sua atenção, pela consideração que tenho por V. Exa.

Até pelo posicionamento que já tenho de voto, gostaria de dizer a V. Exa. o porquê de não podermos votar esta matéria do modo como está proposta.

V. Exa. é um dos Vereadores desta Casa que mais respeita Constituição, Regimento e Lei Orgânica.

V. Exa. sempre faz questão de falar, de se embasar nas leis maiores que temos regendo as discussões que fazemos aqui neste Plenário, até lhe cumprimento por isso.

Mas, se formos lá para o art. 29 da Constituição Federal, no Inciso IV, diz: (Lê.) “Número de Vereadores proporcional à população do município, observados mínimo de 33 e máximo de 41”.

É citado o mínimo de 33 Vereadores para um município como o nosso, e depois, quando pegamos o art. 50 da Lei Orgânica do nosso Município diz: (Lê.)“O número de Vereadores será estabelecido em Lei Complementar observando-se os seguintes limites: mínimo de 33”.

Então, quando V. Exa. propõe que o Vereador suplente somente poderá assumir nas licenças com prazos superiores a sete dias, significa que nesse espaço de tempo nós não vamos ter, na verdade, 33 Vereadores, porque temos um Vereador de licença, e este não está compondo o Plenário. O que é que acontece? O número de Vereadores contraria aquilo que dispõe a Constituição Federal e a nossa Lei Orgânica do Município, porque nós baixamos para 32.

Eu estava ouvindo o encaminhamento do Ver. Adeli Sell, e ele coloca alguma coisa que é absolutamente correta, que é o rigorismo da nossa Mesa com relação aos atestados médicos. Já tivemos alguns problemas relacionados com atestados médicos, mas hoje temos um rigorismo maior por parte da nossa Mesa, quando temos profissionais altamente competentes trabalhando no nosso departamento médico. E quem fornece os atestados para os Vereadores são os médicos que trabalham em nosso departamento médico. Ora, no caso de estarmos duvidando desses atestados ou acreditando que eles não sejam corretos, caberia uma sindicância, caberia uma ação maior por parte desta Casa. Não basta simplesmente dizermos que os Vereadores não podem assumir em licenças médicas com prazo inferior a sete dias.

Eu concordo com V. Exa., Vereador João Dib, que é uma preocupação da Casa. Acho que a Casa tem obrigação de tratar esta matéria da melhor forma possível, mas esta forma proposta por V. Exa. contraria a Constituição, contraria a Lei Orgânica do Município e não resolve a situação aqui dentro da Câmara de Vereadores.

O que resolve o problema é a atuação da Mesa, o que resolve o problema são as ações práticas, fazendo com que os atestados médicos dados sejam todos confiáveis. Nós temos profissionais corretos trabalhando dentro da Casa e podemos confiar nos atestados que são fornecidos pelo nosso departamento. Caso contrário - já disse -, caberia uma sindicância.

Esses motivos, o motivo legal principalmente, me levam a votar, Ver. João Dib, de uma forma como raramente faço, já que sigo muito a inteligência de V. Exa. nas proposições que faz. Voto quase sempre favorável às proposições de V. Exa., mas hoje sou obrigado a me posicionar contrariamente, pelo menos com relação à sua Emenda. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn para encaminhar, pelo PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, espero que quando votarmos o Plano Diretor, tenhamos cuidado na votação de um por um dos artigos, como estamos fazendo com as alterações do Regimento. Porque estamos votando as alterações como regulamento militar, um a um. E, de uma certa maneira, é bem verdade que proporciona um debate exaustivo sobre a matéria, mas a experiência mostra que, depois, a prática – que, segundo alguns, é o único critério da verdade - se mostra ineficiente e inepta.

Vejam V. Exas que o artigo 218 do Regimento estabelece, dentre outros casos: (Lê.) “Caberá licença ao Vereador nos seguintes casos: I - doença devidamente comprovada; II - luto, por falecimento de cônjuge, ascendentes, descendentes e irmãos, até oito dias; III - gestantes, por cento e vinte dias; IV - por adoção, quando o adotado possuir até nove meses de idade, por 120 dias; V - paternidade, conforme legislação federal; VI - para representar externamente a Câmara; VII - para tratar de interesses particulares...”

No caso em tela, pretende, o arguto Ver. João Dib, alterar o prazo das licenças. Hoje, se um Vereador desejar tirar dois dias de licença por interesse particular, isso não gera nenhum ônus para a municipalidade, conquanto que o que sai não recebe, só recebe o que entra.

Vou dar um exemplo. Digamos que o Ver. Antonio Hohlfeldt, que é professor universitário e atualmente desempenha as funções de preparar o doutorado de uma das faculdades de uma universidade da nossa Cidade, não possa vir amanhã. Ele pedirá licença para interesses particulares por um dia, ou por dois, porque ele terá um trabalho especial. Assumirá o suplente da Bancada do PSDB por dois dias. Não haverá prejuízo de quórum, nem o Legislativo Municipal estará pagando dois Vereadores; estará pagando apenas o Vereador que ingressará por dois dias, e o Ver. Antonio Hohlfeldt não receberá os dois dias que tirou. Estou apenas exemplificando.

Se o Vereador precisa de três dias de licença para fazer uma bateria de exames, os três dias ele poderá tirar, mas haverá uma quebra de quórum.

Eu não entendo por que o Ver. João Dib, tão diligente, tão operoso, tão lúcido, tão clarividente nas suas posições, consegue sustentar uma tese contrária ao bom funcionamento desta Casa. Eu não entendo! Se fosse um Vereador de pouca prática, de poucas luzes, eu entenderia, mas o Vereador sabe que funciona bem. Nem vou dizer que o Vereador está sendo influenciado por seu colega Pedro Américo Leal, que, este sim, gosta de um regulamente e de um regimento.

 Eu poderia até tirar licença para tratamento de saúde em um momento ou outro, é natural. Estou aqui há doze anos e nunca tirei licença de saúde, mas se precisar, vou tirar. Se precisar de uma licença para tratamento particular vou tirar, inclusive já tirei, para viajar a Europa, e assumiu o suplente.

Então, Vereador, isso é muito é conservador, não atende à modernidade. Os outros parlamentos é que estão com um mecanismo atrasado, porque o sujeito tem que ficar no mínimo dois, três meses doente para, então, ser autorizada a licença. E o Plenário fica sem quórum, uma comissão fica com um Vereador a menos, menos um voto, e compromete o debate.

Portanto, Vereador,. lamentavelmente - e eu sou um aprendiz de V. Exa nas questões de mecanismo de funcionamento do parlamento -, não posso concordar com V. Exa., e terei que votar contra a sua proposta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal, por solicitação do Ver. João Dib, a Emenda nº 12 ao PR nº 032/97. (Após a chamada.) REJEITADA por 06 votos SIM e 21 votos NÃO.

(Lê.)

“Declaração de Voto

Votei ‘sim’ pois muitas são as solicitações de licença para tratamento de saúde.

Muito pior são os pedidos de licença de Vereadores para tratar de interesses, às segundas, quartas e sextas-feiras, dias de Sessões Plenárias, quando, então, computar-se-ia falta, sendo que terças e quintas-feiras, sábados e domingos recebem os seus vencimentos. Saúde e paz!

                                                              (a) Ver. João Dib,

                 Bancada do PPB.”

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Estou requerendo que me seja informado quantos dias de licença de tratamento de saúde foram dados aos Vereadores desta Casa desde o dia 15 de fevereiro deste ano.

Solicito, ainda, quantos dias foram concedidos para tratamento de interesse particular. Os nomes não me interessam. Sei que há Vereador que pediu licença na segunda-feira; na terça-feira não houve chamada; pediu licença na quarta-feira para tratamento de interesse. Não vou me incomodar com isso, só gostaria de saber quantos foram os dias.

Eu só quero saber quantos foram os dias.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, V. Exa. pode enviar o Requerimento à Mesa.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Quero fazer um adendo ao Requerimento do Ver. João Dib. Quero saber quantas licenças foram tiradas e quem as tirou.

 

O SR. PRESIDENTE: Mas isso estava implícito no Requerimento do Vereador.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Se estava, eu reforcei.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): As Sessões desta Casa são transmitidas por um canal de televisão e, por isso mesmo, quando essas informações, através desses requerimentos, são prestadas aos nossos ouvintes, elas têm de ser prestadas por completo. As licenças para tratamento de interesses - e fala aqui quem não tira licença nunca - não dão direito a recebimento de numerário, ou seja, o Vereador que tira licença para tratamento de interesses não recebe absolutamente nada, o suplente é quem ganha quando assume.

Quem está assistindo esta Sessão pode pensar que, de repente, a Câmara, nas licenças para tratamento de interesses, acaba pagando duplamente também aquela vaga para Vereador. Isso deve ser bem esclarecido.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, estou fazendo um Requerimento muito simples. Quero saber quantos dias foram dados de licença para tratamento de saúde e quantos dias foram dados de licença para tratamento de interesse particular.

Não tenho nenhuma preocupação, e tanto isso é verdade que estou fazendo um Pedido de Informações para o Executivo, para saber os trinta maiores salários do Executivo, mas não quero os nomes das pessoas que recebem os salários, quero apenas saber quanto recebem.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu entendi, Vereador, V. Exa. até já encaminhou para a Mesa. Mas o Ver. José Valdir fez um adendo ao Requerimento de V. Exa., querendo saber também quem tirou tratamento de saúde ou tratamento de interesse, o que também foi deferido por esta Presidência.

Em votação a prorrogação da Sessão.(Pausa.) Os Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA. Foi prorrogada a Sessão por mais duas horas.

Em votação a Emenda nº 13 aposta ao Projeto de Resolução nº 032/97.(Lê a Emenda.) O Ver. Antônio Losada está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao encaminhar a Emenda nº 13, nós queremos destacar a proposta que altera o artigo 40 do Regimento. Nós somos contra a Letra “g” da Emenda nº 13. A estrutura organizacional das seis Comissões desta Casa reserva, consagra, determinados temas, como o que eu faço destaque aqui, que dizem respeito ao acesso à terra, à habitação. Nós temos uma comissão específica, que é a CUTHAB, que trata deste item. Portanto, esta proposta de Emenda invade a competência de uma outra Comissão, causando, assim, uma situação de verdadeira confusão. Nos demais itens, a nossa Bancada fica liberada para votar como melhor lhe convier. Com relação à letra “g”, da Emenda nº 13, somos totalmente contrários, porque efetivamente fere, invade a competência de uma Comissão já existente, criando, assim, uma verdadeira confusão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Os itens podem ser, eventualmente, votados destacadamente, ainda, neste momento? Porque se resolveria, em parte, a questão.

 

O SR. PRESIDENTE: Não pode mais, Vereador. V. Exa. gostaria de pedir destaque para essa alínea?

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): São dezessete votos, é maioria absoluta, Sr. Presidente?

 

O SR. PRESIDENTE: Sim, maioria absoluta.

O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gosto de dizer que falo com Deus. Nunca disse que Deus fala comigo. Agora, vou falar com Deus, porque vou agradecer a ele por ter-me dado saúde, física e mental, que me fez chegar a este Plenário, hoje, quando as luzes ainda não estavam acesas. Continuo, aqui, com todo o entusiasmo, sem ter que pedir licença para tratamento de saúde.

Mas vou chamar a atenção dos meus nobre Edis, que, talvez, já estejam cansados, que o art. 40 diz que compete à Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos examinar e emitir parecer sobre uma série de coisas. O que impede que a Comissão examine acesso à terra e habitação? Apenas faço essa colocação: o que impede que a Comissão de Direitos Humanos pense no acesso à terra e à habitação? Ela não está fazendo projetos, não está fazendo planos de urbanização, não está fazendo construção. Está pensando nas pessoas que têm necessidade de acesso à habitação, e não num projeto de urbanização.

Eu fico contente em ver que os meus colegas tão ciosos, quando discutiram as emendas que antecederam, agora também estejam ciosos, cuidando para que se faça uma boa emenda.

Eu não tenho por que não aprovar a Emenda que é proposta pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Hélio Corbellini e pela atual Deputada Maria do Rosário. Saúde e paz. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar a Emenda nº 13 ao PR nº 32/97.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Hélio Corbellini tinha-me colocado a par da sua Emenda e eu, num primeiro momento, pensei que não havia nenhum problema. Mas vejo, Ver. Hélio Corbellini, que a Emenda de V. Exa., no item já examinado, no que diz respeito à habitação, retira a competência da CUTHAB. Ao menos se pudéssemos ver nessa relação terra/habitação algum dado político que pudesse envolver uma questão ligada aos direitos humanos, na minha opinião, a Casa, a CUTHAB, ou outras comissões que tenham especificidade podem examinar essa questão, porque as comissões da Casa, embora tenham uma listagem de competências, evidentemente que podem conhecer alguns aspectos. Mas aqui, especificamente, no meu entender, está retirada da CUTHAB uma competência.

E eu havia dito ao autor da Emenda que me inclinava pela mesma, e estou dizendo aqui, estou fazendo publicamente, que examinando a matéria não estaria eu agindo da melhor forma, porque retira uma competência histórica da Comissão. Vejam bem, Comissão de Transportes e Habitação, retira a habitação. E aí? Está na Emenda terra e habitação. Não tenho como acompanhar o Ver. Hélio Corbellini, não tenho outra alternativa senão votar contra a emenda, embora concordando com outros itens da Emenda, mas esse aspecto faz com que eu não possa acompanhá-la. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, são coisas diferentes, não estamos excluindo nada de nenhuma comissão. O que foi aprovado pela Comissão no ano passado? Ela aprovou, não é a proposta de um Vereador. Aquilo que foi aprovado em Viena, junto com todos os partidos do campo social, do campo democrático popular e de todos os partidos. O que é que foi aprovado? Termos em cada parlamento um fórum onde se discutam todos os direitos dos cidadãos. O que queremos discutir é o direito á habitação, o direito ao acesso à terra. Há outras matérias de terra, há outras matérias de habitação - técnica, tamanho de terreno, tamanho de casa - que têm que ser definidas na CUTHAB, não vai ser na CEDECONDH. É o direito em todos os seus níveis. É o que já diz; aliás de forma genérica o que tem hoje. E nós não estamos tirando nada de nenhuma Comissão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal, solicitada pelo Ver. João Dib, a Emenda nº 13 aposta ao Projeto de Resolução 032/97. (Após a chamada.) APROVADA por 20 votos SIM e 10 votos NÃO.

Em votação a Emenda nº 15 aposta ao Projeto de Resolução nº 32/97. (Lê a Emenda nº 15) (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº  - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 13/99, que autoriza o Sr. Prefeito a ausentar-se do País de 19 a 22 do junho de 1999.

 

Parecer:

- da CCJ, pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PDL nº 13/99, que autoriza o Sr. Prefeito a ausentar-se do País de 19 a 22 do corrente.

Para discutir, tem a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, de novo eu vou falar com Deus, agradecendo a Ele a força que me dá: física e mental.

Gosto muito de S. Exa. o meu Prefeito, Raul Pont. Sou um crítico contundente, duro, muito duro, mas, nunca fiz uma crítica que não se alicerçasse em documento. Porém, vou criticar o documento que o nobre 1º Secretário declarou que estava perfeitamente instruído. Não está! Não é nem verdadeiro! O Prefeito assina e diz que será painelista, lá em Valdívia, no Chile, diz ele, mas teria que documentar e não documentou. Não tem, ao menos, no Processo, um convite dirigido ao Prefeito de Porto Alegre. Não tem algo que diga que ele recebe passagem, estada, não diz nada!

O Ofício que aqui está é uma cópia, é um modelo de ofício a ser feito. Eu sei um pouquinho de inglês, não muito, mas sei que ele conta o que vai acontecer. Não fala que o Prefeito será painelista, não fala que o Prefeito é convidado, porque só diz: Estimado “title” Prefeito; “last name” Pont.

Eu peço vênia, mas tenho que falar com Deus, novamente: Deus que me dá mente limpa, aberta, para que eu possa ler processos como esses que aqui entram e tentam desrespeitar esta Casa.

Eu respeito o Prefeito; quando eu o critico, eu tenho razões. O Prefeito não me respeitou, quando mandou aqui “title” e “last name”.

Pode ser, Ver. Isaac Ainhorn que está convidando, e que agora vai ler o documento.

Sr. Prefeito Raul Jorge Anglada Pont, eu lhe desejo boa viagem e até espero que o Processo, que o nobre e querido Ver. Adeli Sell disse que estava perfeitamente informado, seja informado, porque o Prefeito ainda tem tempo. Mas Prefeito, o Ver. João Dib, seu amigo, até gosto muito de S. Exa., porque ele é primo de alguém que foi um dos grandes Prefeitos desta Cidade, Guilherme Socias Villela, que eu considero como um irmão. Tive muito apreço pelo seu pai, Sr. Prefeito, quando estive em Uruguaiana e o conheci e ele me ofereceu um livro autografado. Mas também tenho respeito por S. Exa., Sr. Prefeito Municipal, porque é o Prefeito de todos os porto-alegrenses, e eu me considero porto-alegrense, ainda que para tristeza minha eu não tenha nascido aqui, mas meu coração é porto-alegrense, meus filhos são porto-alegrenses.

Prefeito por favor respeite este que lhe respeita também. Saúde e paz. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para discutir.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sinceramente eu imaginava que o Líder oposicionista à Administração Municipal, Ver. João Dib, estivesse fazendo uma política, uma ação parlamentar de criar um embaraço à viagem do Sr. Prefeito.

Nós temos aqui o Projeto de Decreto Legislativo que autoriza. A Bancada Governista, liderada pelo Ver. Guilherme Barbosa, tem problemas sérios e deve muitas vezes irritar-se com a burocracia da Secretaria do Governo Municipal. Imaginem, de repente, que é uma vingança do AMPLO, que é o outro segmento que controla a Secretaria do Governo, que poderia lhe criar problemas na condução do seu trabalho de Líder da Bancada Governista desta Casa, Ver. Antônio Losada. Todos os convites que vêm ao Prefeito devem ser vistos sempre sob a ótica favorável da importância da viagem e da participação.

É acostado ao Ofício encaminhado ao nobre Presidente Ver. Nereu D’Ávila, que é um homem muito educado e sei que goza, na condição de Presidente da Casa, uma relação muito cordial e respeitosa com o Sr. Prefeito, uma relação de poder a poder; dentro de padrões que se exigem. O convite do World Bank, que não se sabe se é rigorosamente para o Prefeito, contém o seguinte: título: V Conferência Anual do Banco sobre o Desenvolvimento da América Latina e o Caribe; cabeçalho: “Title” “FirstName”,”LastName”, “Job Title”, “Organization”, “Address”, “City”, “Country”, “Fax”; Estimado “Title”, “LastName”. Realmente Vereador, não diz quem é o convidado.

Vou fazer um apelo a V. Exa., que poderá ter a crítica que tiver ao Prefeito Raul Pont, mas ele não acostaria ao Processo um convite que não fosse dirigido a ele para participar do evento. Teria que ter: “Dear Mayor Pont”, isto é, querido e estimado Prefeito Pont. Mas não diz absolutamente nada. Vereador, é surpreendente, não dá para acreditar.

Eu vou votar favorável e a nossa Bancada, também, por uma razão: porque nós sabemos que o Prefeito não vai mandar um convite que não corresponda à realidade, Vera. Helena Bonumá. Agora, não sabe-se a quem, porque não diz o título nem o último nome.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Isaac Ainhorn, eu já desejei boa viagem ao Prefeito Raul Jorge Anglada Pont, eu vou votar favoravelmente. Eu vou pedir a ele que respeite esta Casa e, sobretudo, que, lá, ele não dê alguma entrevista falando mal dos Vereadores, dizendo que são desatentos.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sim, mas veja V. Exa. como é importante o exame dos documentos, nós, simplesmente, poderíamos baixar em diligência. Agora, a recomendação que esta Casa quer fazer, pede ao Ver. Guilherme Barbosa que seja um interlocutor desse pedido, que as solicitações, as autorizações de viagem sejam feitas com maior cuidado, Ver. Guilherme Barbosa, que não coloque o Prefeito em situações constrangedoras com a própria sociedade que acompanha os debates, que poderiam imaginar que ele esteja peruando uma viagem ao Chile. Eu sei o que é isso, Vereador, é o décimo, ou décimo-primeiro ano de Administração de um mesmo Partido, começam a cansar, ficam assim - Ver. Antônio Losada, que é do interior - que nem boi velho na função. Sabe, fica ali costeando a cerca, sem muita força, já velho e cansado e o touro velho não cumpre mais as suas funções, está cansado.

Encerro, Sr. Presidente, dizendo que vamos votar favoravelmente.

Agora isso é um sintoma do cansaço que toma conta da Administração. Precisamos renovar e agilizar esses canais administrativos que lá existem.

Votamos, portanto, favoravelmente, embora tenha vindo capenga a documentação que instruiu o pedido de viagem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PDL nº 13/99 .

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver. João Dib, sou um admirador de V. Exa. aqui nesta Casa, mas não compreendo como V. Exa., depois de esclarecer ao Plenário sobre as falhas do Processo que estamos votando, e é um Processo, Ver. João Dib, onde estamos autorizando o Sr. Prefeito Municipal a fazer uma viagem com custos também para o Município de Porto Alegre, porque está aqui nesta autorização, neste art. 1º, escrito, que o custo também será do Município de Porto Alegre. Como é que num documento que não tem uma fundamentação perfeita nós podemos, simplesmente, com o dinheiro do Município, com o dinheiro dos porto-alegrenses, dizer para o Prefeito: “Olha, não sei bem se esse convite está correto ou não”. Esse convite não foi endereçado para o Sr. Prefeito, não tem aqui o nome dele. “Mas não tem problema, não é meu dinheiro, é dinheiro de todos os porto-alegrenses”.

 Vai Prefeito, viaja, seja mais uma vez feliz na sua viagem. Compre lá as lembranças para trazer aos companheiros petistas que estão aqui e estarão aguardando, mais uma vez, V. Exa. no aeroporto. Afinal de contas, é o dinheiro do porto-alegrense, que se não é usado para asfaltar algum beco onde tem um militante petista, será utilizado, certamente, para custear mais uma viagem do Sr. Prefeito Municipal.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Braz, eu, na realidade, tenho alertado o Executivo Municipal que os pedidos de viagem devem ser perfeitamente informados.

Até lembro que, quando o Prefeito viajou a Saint-Denis, com escala em Caracas, na Venezuela, com passagem paga, onde ele foi realmente conferencista, pago por mil dólares, estava tudo nos documentos que ele apresentou.

Agora, aí tem um modelo de convite, não tem um convite. Eu não tenho por que duvidar da palavra do Prefeito, que ele vai ser painelista, que vai viajar com três diárias no total de mil e alguns reais, que está escrito, eu acredito nele. Eu já lhe desejei boa viagem. Só espero que ele não fale mal dos Vereadores, em Valdívia, no Chile, como ele falou quando voltou da França.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Dib, nós não votamos, aqui, a palavra do Sr. Prefeito Municipal. Assim fosse, bastaria que ele telefonasse para cá. “Não precisa mandar documento, Sr. Prefeito, porque o Ver. João Dib, agora, acredita tanto na sua palavra que basta V. Exa. telefonar para cá.” Aí, vamos votar, aqui, o pedido que o Prefeito fez por telefone para viajar. Aliás, eu penso que ele foi eleito o “turista do ano”, porque ele não pára de viajar. Ele viaja para todos os lugares às custas do erário municipal. É ou não é? E agora nós vamos aprovar, mais uma vez, uma viagem de S. Exa.

Ver. João Dib, se o Processo não está completo, se o Processo apresenta falhas, qualquer Vereador que votar a favor desse Projeto deverá bancar a viagem do Prefeito do seu próprio bolso. O que nós estamos aprovando aqui, a população é que vai pagar. Nós estamos aprovando uma viagem do Sr. Prefeito, que, mais uma vez, não vai trazer nenhum benefício para Porto Alegre, para que os munícipes paguem.

O Vereador poderá achar que o Processo não está legal, que apresenta falhas, mas vai votar favorável. Só que essa viagem trará ônus. Aliás, deveria constar, aqui no pedido, o que essa viagem vai custar para o Município.

Eu tenho aqui o texto do que nós estamos votando. Vou lê-lo.

 

(Lê a Ementa do Projeto de Decreto Legislativo, que autoriza o Sr. Prefeito Municipal a se afastar do País.)

 

É o que está escrito aqui. É nisso que vamos votar. Eu não voto justificativas, Ver. João Dib - V. Exa. sabe muito bem disso -; eu voto o Projeto de Decreto Legislativo, e no Projeto de Decreto Legislativo não está quanto o Prefeito vai gastar e tinha que estar, cadê a moralidade? Ou agora é só indecência neste Município? Só porque é gasto com o dinheiro de quem paga tributos, então pode gastar à vontade. Tinha que estar aqui no Projeto de Decreto Legislativo. É uma vergonha e os Vereadores vão aprovar. Com o meu voto, não. Voto contra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa, para encaminhar pelo PT.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há um ditado antigo que diz que a pessoa só consegue dar o que tem; quem tem baixaria, quem tem agressividade, não dá outra coisa além disso.

Então, como vou esperar alguma coisa diferente do orador que me antecedeu? Não há possibilidade.

É verdade sim que o documento que veio, o Ver. João Dib, de fato, verificou bem, não tem o nome do Prefeito, é um formulário, mas que está assinado, tem um timbre do Banco Mundial. E a pergunta que cabe é a seguinte: como esta correspondência chegou ao Paço Municipal? Vai ver que o Prefeito achou este documento em algum lugar, resolveu encaminhar para a Câmara, de maneira clandestina, e resolveu viajar.

Ora, vamos deixar de brincar com uma coisa séria. Há um convite, e se chegou ao Paço Municipal, veio dentro de um envelope, dirigido ao Sr. Prefeito, com o endereço do Paço Municipal.

E se termina buscando os detalhes para se fugir do aspecto principal. E qual é o aspecto principal? É que o Sr. Prefeito da Cidade, para orgulho de todos nós - é assim que deveria funcionar na cabeça de quem tem um pouco de seriedade -, é convidado pelo Banco Mundial para um Seminário no Chile, para ser palestrante. Essa é a questão básica e principal. E que o Banco Mundial pagará a passagem de ida e volta. E que o Município de Porto Alegre bancará as diárias, embora não apareça no Decreto, aparece na correspondência que o Sr. Prefeito mandou a esta Casa. Três diárias no valor total de um mil e noventa reais e oitenta e nove centavos. Esse é o custo para que o nosso Prefeito, seja ele quem for, vá a um evento promovido pelo Banco Mundial, falar em nome da nossa Cidade.

Divergências à parte, e assim eu agirei se por acaso eu estiver aqui nesta Casa e for um prefeito de um outro partido, eu me sentirei orgulhoso, porque é o prefeito da nossa Cidade, que estará representando a nossa Cidade em um organismo mundial. Esse é o centro da questão, Srs. Vereadores.

 Reconheço sim que não há o nome do prefeito no documento, mas, fora isso, não há como duvidar da seriedade do pedido do Sr. Prefeito.

Eu faço essas considerações e peço o voto dos Srs. Vereadores. Irei me dirigir ao Paço Municipal, que não teve culpa se no documento não veio o nome do Prefeito, mas o convite veio do Paço Municipal e com o endereço da Prefeitura. E irão pagar as passagens de ida e volta.

Srs. vereadores, não há como duvidar da seriedade disso, portanto eu peço o votos dos Srs. Vereadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem):  Sr. Presidente, os processos que votamos aqui na Casa têm que estar com todos os dados. Quando nós votamos esta autorização, quando o Prefeito pede esta autorização, e quando há ônus para o Município, tem que constar, Vereador, no Projeto de Decreto, e eu estou votando não apenas uma autorização, mas a licença para ele gastar este dinheiro. Então tem que estar no Projeto de Decreto, o valor. E não está. Está na Justificativa. Eu acredito que há uma falha no Processo, e eu pediria que V. Exa a corrigisse, porque senão estaremos votando um documento que apresenta mais uma falha além daquelas já citadas pelo Ver João Dib da tribuna.

 

 O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): O Ver. Luiz Braz fez aqui a assertiva de que haveria necessidade de constar, no bojo do Projeto de Decreto Legislativo, o valor. Isso é informado na Justificativa encaminhada a esta Casa. E o Vereador fez de uma forma peremptória e parecia haver uma dúvida de que havia essa cogência de constar, porque o Prefeito diz que é com ônus e qual é esse ônus. Ele está dizendo que deve constar o valor, de forma absoluta. Eu peço que o Vereador complete a sua Questão de Ordem e diga onde está escrito que é obrigatório.

 

O SR. PRESIDENTE: Na verdade, está dito no Ofício que é com ônus parcial. Então, se sabe que há gastos.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o que estamos aprovando aqui é somente o Projeto de Decreto, o seu texto. Se eu voto ônus parcial, eu voto dez, cinco ou trinta mil. Eu não sei, pois esta viagem pode custar duzentos mil. O que estamos autorizando na Casa é o que está escrito no Projeto de Decreto Legislativo, não é o que está fora. Eu tenho que aprovar ou negar o que está no Projeto de Decreto Legislativo, pois é isso que vou votar.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz, como ex-Presidente da Casa, conhece a sua praxe, e é dito que é com ou sem ônus. Se mudarmos os critérios, a partir de agora pediremos que o processo venha traduzido, se for em dólar, com o dólar do dia. Na verdade, Ver. Luiz Braz, sou obrigado a dizer que a praxe da Casa tem sido a de que é com ou sem ônus, ou ônus parcial. Não lembro de termos votado nenhum pedido com a discriminação exata dos gastos.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, isso significa que, se votarmos o texto tal qual está, nenhum de nós pode afirmar que estamos autorizando um mil e noventa, dois, cinco ou dez mil. Estamos autorizando ônus parcial, pois o que estamos votando é o Projeto de Decreto Legislativo. É por isso que precisa constar do texto a quantia que estamos liberando.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu acho que está havendo um equívoco por parte do Ver. Luiz Braz, pela seguinte razão: O Sr. Prefeito, em Ofício encaminhado a esta Casa, informa os dias de sua viagem. A cada dia corresponde uma diária, prevista dentro da estrutura de gastos da Prefeitura. Conseqüentemente, eu não sei se a diária é 250, 300 ou 500 reais, mas está dentro do padrão de uma viagem de uma autoridade municipal para o exterior. Conseqüentemente, eu entendo que não há, rigorosamente, necessidade de definição do valor exato. Ele informa o número de dias de acordo com a diária; depois, na prestação de contas ao Tribunal de Contas do Estado e a esta Casa, vão constar esses elementos informativos.

 

O SR. PRESIDENTE: Na verdade, nem quando nós votamos as nossas viagens, num primeiro momento - a não ser que algum Vereador assim o requeira - vem a discriminação total da despesa. Lembro que uma vez o Ver. José Valdir solicitou um montante e nós, prontamente, mandamos fazer os cálculos e dissemos quanto foi. Isso quer dizer que nem aqui na Casa era exigido. Na Exposição de Motivos consta mil e poucos reais. Mas podemos votar a matéria faltando a informação da discriminação total da despesa, e V. Exa. estará sendo atendido, que é um direito seu, como edil da Cidade, saber os gastos do Senhor Prefeito na viagem. Então, fica para informação posterior.

Em votação o PDL nº 13/99. O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Senhor Presidente e Senhores Vereadores, uma das verdades mais certas é que o homem aprende todos os dias. Hoje, eu aprendi mais um pouco: só se pode dar aquilo que se tem. Pois, só pode dar competência quem tem competência. O Prefeito, que já recebeu os meus votos de boas viagens – boas viagens porque ele viaja muitas vezes -, está dizendo que vai viajar no dia dezenove. Hoje é dia dezesseis. No dia dezoito, haverá uma nova Sessão, quando poderíamos, com toda a tranqüilidade, votar com prioridade esse documento. Agora, só podemos dar aquilo que temos. Eu tenho um espírito observador, que coloco à disposição de meus Pares.

O documento que aqui está é um modelo de documento, e não um documento. Dizem que há assinaturas. É verdade. Mas é uma cópia xerox de documento.

Observo que um documento que percorreu - só não diz de onde vem - a América Latina pelo menos, está íntegro, não está amassado, não tem nada, não foi dobrado, está inteiro. Eu só posso dar o que tenho: o meu espírito de observação. A seriedade com que trato todas as coisas me faz até acreditar que o Prefeito faça essa viagem como convidado, e que a competência faltou para a assessoria que lá está, porque, reiteradas vezes ela foi alertada desta tribuna para que não mandasse para a Câmara Municipal nenhum pedido de viagem sem instrução perfeita. Isso significa que o Ver. João Dib vai olhar todas as vezes, todos os detalhes.

A Liderança do PT acha mais fácil agredir, falar em baixaria, mas seria muito mais fácil, inteligente, sensato e correto pedir a retirada do Processo e, na sexta-feira, pela manhã, documentado perfeitamente, nós votaríamos com tranqüilidade.

Vou dizer novamente, Ver. Luiz Braz: vou votar favoravelmente à viagem do Sr. Prefeito, que é um grande turista. As vezes que já viajou neste ano dá para permitir uma média de que a cada cinco dias, contando sábados e domingos, ele viaja um. Lamentavelmente, às vezes ele viaja e fala mal do Legislativo Municipal, dizendo, até, para o jornal Le Monde, que seríamos dispensáveis. Imaginem V. Exas. se não examinássemos os documentos que aqui chegam, os projetos de lei que aqui chegam, quem o faria pela Cidade de Porto Alegre?

Por isso, espero, Senhor Prefeito Raul Jorge Anglada Pont, que V. Exa. tenha uma boa viagem, um feliz retorno, que aprenda alguma coisa onde for, mas, sobretudo, que não fale nada, absolutamente nada contra o Legislativo Municipal, que está- lhe autorizando a viagem, e, mais do que isso, está confiando em V. Exa., porque o que aqui está, não é documento. Mas a assinatura de V. Exa. também está neste Projeto, e nela eu confio, porque V. Exa., ainda que não seja do meu gosto, é o meu Prefeito. Saúde, paz e boa viagem! Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, fui acusado de cometer baixarias porque estava e estou defendendo o patrimônio público. O patrimônio público não se entrega para um turista que resolve conhecer o mundo inteiro porque chegou à Prefeitura de Porto Alegre. Eu tenho o máximo respeito por todos os Vereadores. A figura do Ver. João Dib merece o meu maior carinho. A única coisa que disse, quando me pronunciei pela primeira vez, é que não entendo como é que os Vereadores que sabem que este documento, que este Processo não está correto, votam favoravelmente, porque estamos dando dinheiro dos munícipes, dinheiro que não é só nosso, e temos dado esse dinheiro para que o Prefeito viaje para todos os cantos. E o Prefeito viaja bem! Ele vai... não conhecemos o quanto valem estas diárias do Sr. Prefeito Municipal, e ele vai receber diárias votadas por nós e apenas com o texto. Eu vou fazer questão de ler o texto novamente.

O texto diz o seguinte: (Lê.) “Com ônus parcial para o Município.” Nós não estamos nem falando em diárias. Ele, lá, que avisa, no final, que é por causa de diárias. Mas aqui está escrito, apenas, que é com ônus parcial para o Município de Porto Alegre. É o que estamos votando, é o que estamos autorizando. Estamos autorizando qualquer tipo de gasto. O Sr. Prefeito pode ir comprar as suas coisinhas lá fora, trazer os seus badulaques para os companheiros do PT, porque os companheiros do PT têm tudo. Tem até no Diário Oficial contratações com altos salários, ou vão dizer que é mentira? Está comprovado no Diário Oficial, só para agradar a companheiros petistas. Então, pode também estar aqui dinheiro mais do que suficiente para agradar, mais uma vez, os companheiros. E estamos votando, dizendo que está tudo legal. Mas que maravilha! Tudo legal.

Depois dizem que o que o Vereador fala aqui da tribuna é baixaria. Não. Baixaria é essa imoralidade aqui. Baixaria é a imoralidade que está aqui nesse Processo e em tantos outros que votamos da mesma forma: viagem para França, para Barcelona, para os quintos dos infernos, para tudo o que é lugar, pagas com o dinheiro do Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero dizer que essa exigência que está-se fazendo em relação a esse Projeto não é usual na Casa. Vou lembrar que na última aprovação de viagem de Vereador que fizemos não constava nem no projeto, nem no processo, não foi nem informado ao Plenário o custo da viagem, e aprovamos. O Vereador, que falou tão veementemente na tribuna, não levantou essa questão na época.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. José Valdir, lamento informar a V. Exa. que não foi Questão de Ordem, foi uma argumentação. V. Exa. respondeu ao orador. Solicito a V. Exa. que não repita isso, porque serei obrigado a lhe cassar a palavra. V. Exa. usou uma prerrogativa para argumentar. O Ver. Luiz Braz estava na tribuna, em nome da sua Bancada, e tem o direito de dizer o que quiser. V. Exa. exorbitou. Lamento.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Pergunto, Sr. Presidente, se votamos licenças para Vereadores sem constar os valores das mesmas, ou quantas diárias vão ser retiradas? Eu, sempre que votei um projeto, aqui....

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. tem todo o direito, como fez na tribuna, de questionar. V. Exa. tem absoluto direito. Teve o tempo regimental. Agora, as Questões de Ordem tem que ser “Questões de Ordem” mesmo.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acho que a crítica tem que ser colocada nos parâmetros absolutamente corretos. O documento que instruiu não é um documento apto, porque não refere o nome do Prefeito, não refere a data do encontro. Mas acho que está-se cometendo uma injustiça. Quando o Prefeito tomar conhecimento das notas taquigráficas, ele vai rir, porque ele diz tudo no seu documento.

Eu sou um crítico do Prefeito, V. Exa. bem sabe disso, um crítico das suas ações políticas. Lamento que ele não queira o Orçamento Participativo com lei; lamento que ele tenha demolido o Mercado do Bom Fim; lamento que ele não implante as escolas de turno integral, conforme é previsto na Lei Orgânica e no Programa do Partido Democrata Trabalhista. Mas ele dirá que não leram o Processo, porque está aqui. E, certamente, há o risco de o Líder levar um puxão de orelhas do Prefeito, do Executivo, porque está aqui.

Veja o que diz o Ofício do Prefeito, Ver. Nereu: diz: (Lê.)

“As passagens aéreas serão custeadas pela Entidade promotora do Evento, devendo perceber do Município três diárias internacionais totalizando R$ 1.090,89.”

Eu não conheço nenhum decreto legislativo, seja em nível municipal, estadual ou federal, seja no âmbito do legislativo ou do executivo que tenha que constar o valor das diárias. Ele informa corretamente, Ver. Lauro Hagemann, o valor das diárias: R$ 1.090,89. Isso significa, mais ou menos R$ 368,00 por dia.

O Decreto Legislativo, Ver. Luiz Braz, autoriza três dias, o Decreto fecha com o pedido, e as diárias têm que ter valor legal estipulado, e na prestação de contas ao Tribunal de Contas tudo isso vem nos elementos configurativos. Sequer ele precisa fazer a comprovação dos gastos; basta ele receber a diária, dentro do parâmetro que é estabelecido pela legislação interna.

Portanto, o que é interessante é um cuidado maior em relação aos pedidos de licença do Sr. Prefeito, porque, curiosamente, Ver. Adeli Sell, os documentos que vêm para autorização de viagem do Vice-Prefeito Fortunati, vêm todos explicitados, em todos os detalhes, com todos os documentos. Gostaríamos que os critérios do Gabinete do Vice-Prefeito sejam adotados pelo Gabinete do Prefeito, que manda capengas as informações nos documentos que envolvem o convite e a participação.

Está suficientemente claro, Sr. Presidente.

Encaminhamos favoravelmente à autorização de viagem do Sr. Prefeito Municipal. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para encaminhar em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para algumas pessoas que nos assistem creio que é importante colocar a verdade, pelo menos aquilo que tem sido a verdade neste Plenário. Nunca o Decreto Legislativo de autorização de viagem tem trazido o valor que o Prefeito vai gastar. Para que não passe aqui como verdade uma mentira. Nem quando nós viajamos. O que se autoriza é a viagem do Prefeito, às vezes do Vice-Prefeito, e quantas diárias receberá.

Eu já havia lido isso e o Ver. Isaac Ainhorn não havia percebido, mas o Prefeito diz claramente que vai receber as passagens de ida e volta, o Banco Mundial pagará, e que o Município gastará três diárias internacionais, totalizando R$1.090,89. Dividir por três - e essa é uma operação difícil para alguns, para o Ver. Luiz Braz com certeza -, dividir 1.090,89 por três, sugiro ao Ver. Luiz Braz procurar um supletivo, porque se há três diárias num total de 1.090,89, dividido por três, dá uma conta simples de matemática. Isso é uma viagem internacional e o valor está estabelecido em Lei. É isso que o Município vai gastar para que o Prefeito seja palestrante num importante evento no Chile.

Eu peço o voto dos Senhores Vereadores para esse pedido de autorização que o Prefeito pede a esta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, este Vereador jamais citou o nome do Ver. Guilherme Barbosa. E não fiz nenhum comentário desairoso a respeito desse Vereador. Este Vereador apenas tenta defender o patrimônio, e não pode, num encaminhamento, ser atacado da forma como foi pelo Ver. Guilherme Barbosa, porque V. Exa., Sr. Presidente, assim estará permitindo que alguém fira o decoro dessa forma, e permitindo que as relações da Casa não sejam boas. Nós não queremos na verdade que as coisas partam para esse lado.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz, não sou eu quem patrulho as palavras dos Vereadores na tribuna.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Mas acontece o seguinte: os encaminhamentos são feitos a respeito da matéria em si.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa., na Mesa no ano passado, nunca censurou Vereador na tribuna por citar nomes, até mesmo que sejam ofensivos. V. Exa. sabe que podemos suspender a Sessão, podemos fazer outras represálias, mas V. Exa. não pode cobrar desta Presidência que eu diga para o Vereador não citar o seu nome.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Se pode ofender na tribuna, se essa prática vai ser comum, eu vou começar então.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, V. Exa. está pedindo para mim algo que eu não tenho como solucionar. Acho que V. Exa. tem mecanismos para tomar outras atitudes, por exemplo.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Se essa prática é comum... não se fere mais o decoro desta Casa, atacando colegas. Então, tudo bem.

 

O PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz, eu não sou favorável que os Vereadores ataquem os colegas. Eu só estou dizendo que eu não posso interromper nem V. Exa. e nenhum Vereador e dizer que não diga algo. Eu lamento Vereador, até lamento a Questão de Ordem de V. Exa.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Ver. Nereu D’Ávila, talvez fosse até desnecessária esta Questão de Ordem, mas apenas para que deixemos claras algumas coisas. O Ver. Luiz Braz demonstra visivelmente estar transtornado emocionalmente, perdeu o debate, e não soube receber uma crítica política. E ele aqui fez, e não soube receber a crítica política assim como V. Exa. fez.

Eu vou fazer uma Questão de Ordem a V. Exa. no sentido de que o Ver. Luiz Braz, quando fez a sua intervenção, difamou o Sr. Prefeito e o PT em geral, quando disse que o Prefeito iria buscar badulaques no Chile para entregar aos seus companheiros. Quem desrespeitou, quem difamou, quem cometeu, no mínimo, uma infração de falta de ética neste Plenário, na votação e na discussão deste Projeto, foi o Líder do PTB, e isso consta nas notas taquigráficas. E agora, ele não soube receber a devida crítica política. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu tenho sido generoso no sentido de aceitar Questões de Ordem que não são Questões de Ordem, para não ser indelicado com os meus colegas. Eu peço a compreensão de V. Exas., porque eu não posso mais tolerar isso. Cobrar da Presidência pelo que o orador diz na tribuna e, depois, justificar o que o outro Vereador disse, não são realmente Questões de Ordem, são explicações pessoais, que devem ser feitas no microfone dos apartes. Eu espero que, agora, tenhamos um ambiente para votar a matéria.

Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Antônio Losada, o PDL nº 13/99. (Após a chamada) APROVADO por 17 votos SIM, 01 NÃO.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h28min.)

 

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